Tomaticultores de Lagarto investem na plasticultura e fertirrigação com gotejamento

As tecnologias aplicadas no perímetro público de Lagarto reduzem a mão de obra, economizam água, fertilizantes e produzem frutos de melhor qualidade

A fertirrigação é feita com mangueras de gotejamento que passam debaixo da lona ‘mulching’ [foto: Fernando Augusto]
Faça chuva ou faça sol, contando com a irrigação pública dos perímetros irrigados estaduais, dá para plantar tomate durante todo ano. E mais, no município de Lagarto, Centro-Sul sergipano, tem agricultor irrigante que aproveita a água fornecida pelo Governo do Estado para trabalhar com tecnologias de cultivo que aumentam a produtividade e diminuem custos. E ainda, faz crescer a renda líquida com a venda das colheitas.

No Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), que é vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), os produtores lançam mão à plasticultura e a fertirrigação para cultivar o tomate. Gildeon Reis é um deles. Experiente no cultivo de milho, pimentas e quiabo, também usando fertirrigação, ele explica que cada etapa da lavoura exige um tipo de adubação.

“Primeiro fiz um transplante das mudas e depois de uns três dias já entrei com o primeiro adubo na fertirrigação”. Nesta primeira etapa, Gildeon usa um fertilizante sólido, solúvel na água de irrigação e que contém uma alta concentração de fósforo, estimulando o crescimento vegetativo, das raízes e floração. “Com 20 dias eu entro com o fertilizante 18/18/18 NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). E depois de 45 dias, já é outro produto’”.

Na fertirrigação, um mecanismo injeta os fertilizantes necessários para o desenvolvimento da planta diretamente no sistema de irrigação do lote, feito por mangueiras de gotejamento. A tecnologia hoje é amplamente usada em diversos tipos de cultivos agrícolas nos perímetros irrigados de vocação agrícola da Coderse.

Os produtores dos perímetros irrigados têm também a assistência técnica fornecida pelo Estado. Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Coderse, Júlio Leite, esse auxílio vem para complementar o que é investido, em recursos públicos, para que chegue água no lote dos irrigantes, gerando renda, empregos e alimentos com preços justos para a população.

“Irrigação, assistência técnica e ainda tem um assessoramento feito para que esses irrigantes participem de programas de ‘compras institucionais’, como o Alimenta Brasil e PNAE. São serviços públicos complementares entre si e que, no conjunto, incentivam o agricultor que está sendo beneficiado em um perímetro da Coderse. Eliminando chances de perda de safras; baixa produtividade e a desvalorização dos produtos, quando a comercialização é feita só com os atravessadores”, avalia Júlio Leite.

Técnico agrícola da Coderse, Williams Domingos atua na assistência à produção agrícola a partir da irrigação. “A gente orienta o produtor no manejo de irrigação adequado, introduzindo certos equipamentos novos, como a fertirrigação, como a irrigação por gotejamento. Que antigamente era a aspersão convencional. Orientando o uso de agrotóxicos na época e na forma adequada, sem o uso indiscriminado, respeitando os períodos de carência da cultura quando ele for colher”.

A fertirrigação traz praticidade, diminuindo a necessidade de contratar mão de obra ou máquinas para fazer a adubação diretamente na planta. “O adubo é misturado na água (da irrigação) e vai para a planta. Em dez minutos eu já adubei uma área de mil pés. Depois que plantar, eu sozinho resolvo. Só tem um rapaz que vai aplicar na planta (o defensivo químico) com a bomba costal”, expôs o produtor Gildeon, que mesmo sendo pessoa com deficiência, sem parte de uma das pernas, não tem dificuldade para operar o sistema de fertirrigação.

Plasticultura
Os agricultores irrigantes, incluindo Gildeon Reis, investem no uso de lonas ‘mulching’. O plástico especial retém a água de irrigação no solo, diminuindo a evaporação; cobre o solo de tal forma, que elimina o nascimento de ervas daninhas e ainda protege os frutos do contato e contaminação do solo. Isso aumenta a qualidade e o valor agregado da produção colhida, repercutindo em maior renda ao irrigante. A plasticultura substitui o método de estaquia, em que as plantas crescem verticalmente amarradas em uma vara.

As vantagens de usar a tecnologia de cultivo protegido, dão segurança até para o agricultor arriscar a plantar em épocas em que o clima não favorece. “Ninguém planta mais na vara com cordão, porque é muito trabalho. E o pessoal faz o plantio sempre em setembro, outubro, novembro. Eu estou plantando em uma época já de final. É meio perigoso, porque pode chegar o inverno cedo e eu estou fazendo a colheita. O que não é bom”, apontou o irrigante Gildeon.

“Faz a leira antes de colocar o ‘mulching’; com uma adubação de fundação e o sistema de irrigação, que é o gotejo. É uma tecnologia que deu certo. Tanto para o pessoal do tomate, como o da pimenta e hoje tem plantação de quiabo usando o ‘mulching’, porque reduz a mão de obra. Você não tem problema de capinar aqui em cima, não tem mato em cima dele. Ele garante também que o tomate cresça aqui em cima e não apodreça, porque ele não tem contato com o solo”, completou o técnico Williams.

 

[vídeo] Tomate irrigado aumenta produção com tecnologia de plantio em lona

Assista o vídeo apontando a câmera do seu celular para o QR Code

O Programa Sergipe Rural, da Aperipê TV, esteve em Lagarto, a 75 km da capital sergipana, para mostrar que tem agricultor investindo em tecnologia para produzir mais e melhor, e ainda com redução nos custos de manutenção na lavoura de tomate. Irrigada pela água fornecida no Perímetro Irrigado Piauí, do Governo de Sergipe.

A reportagem de Patrícia Dantas, com imagens de Jorge Henrique, explicou que a economia e a produtividade são resultados do uso de lonas do tipo ‘mulching’, que além de eliminar pragas e doenças, ajuda no desenvolvimento da planta, protege o solo, economiza a água de irrigação e a mão de obra, dispensando o uso de estaqueamento.

A produção é acompanhada de perto pela Cohidro que, além de fornecer a água irrigada para os lotes produtivos, ainda presta assistência técnica agrícola e assessoria em agronegócio aos irrigantes.

Produtores de tomate em Lagarto usam tecnologias econômicas e produtivas

Lona branca evita crescimento de ervas daninhas, diminui temperatura para planta e melhora a fotossíntese com reflexo do sol. Fertirrigação também é utilizada

A lona plástica evita o contato do fruto com o solo e com isso impede a ação de diversas pragas e doenças. Doutro modo, cobrindo os canteiros o material evita que a água de irrigação evapore com a mesma facilidade de um solo exposto, protege o canteiro da ação erosiva das chuvas e também erradica o crescimento de ervas daninhas, que roubam os nutrientes do tomateiro e posteriormente dificultam a colheita do tomate. [Foto: arquivo pessoal]
Em Lagarto, a 75 km da capital sergipana, tem agricultor investindo em tecnologia para produzir mais e melhor, e ainda com redução nos custos de manutenção. A economia e a produtividade são resultados do uso de lonas do tipo ‘mulching’, que além de eliminar pragas e doenças, ajuda no desenvolvimento da planta, protege o solo, economiza a água de irrigação e a mão de obra, dispensando o uso de estaqueamento. É assim nas lavouras de tomate do Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, onde a produção é acompanhada de perto pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) que, além de fornecer a água irrigada para os lotes produtivos, ainda presta assistência técnica agrícola e assessoria em agronegócio aos irrigantes. Outra tecnologia utilizada pelos agricultores é a fertirrigação, em que os fertilizantes chegam à base da planta diluídos na água da irrigação, precisando apenas de mão de obra para a adubação de fundação da terra antes de receber as mudas.

“Já plantei outras vezes, mas antes o plantio era feito na vara. É a primeira vez que planto na lona e estou gostando, principalmente pela redução da mão de obra, que diminui em 50% ou mais. Primeiramente, foi feita a adubação de fundação. Depois que a lona foi colocada, aí é só na fertirrigação. Tem algumas diferenças entre a lona e a vara. Se o tomate desenvolver na lona, a produção é muito melhor e com menos trabalho. Já na vara, dá mais trabalho com uma produção inferior, além de ser preciso ficar mexendo no pé para colocar o cordão, para não abrir, e todo esse processo derruba a flor. Na lona, toda flor vinga, aí se der tomate sadio, ele rende a produção”, justificou Renilson de Araújo, irrigante do perímetro Piauí que plantou o tomate em 0,33 hectares de seu lote irrigado. “Se tudo der certo, começo a colher já no próximo mês”, espera o agricultor.

Os investimentos no perímetro tem acompanhado o mercado da tecnologia agrícola, de acordo com o gerente do perímetro irrigado Piauí, Gildo Almeida. “Há 30 anos, o perímetro irrigado foi criado pelo Governo de Sergipe utilizando a aspersão convencional, e hoje pouco se vê desses equipamentos. A maioria já migrou para as mangueiras de gotejo – como ocorre nas plantações, utilizando o ‘mulching’ – ou a microaspersão, com menos custos”, explica Gildo. Ele conta ainda que seis irrigantes escolheram investir no uso da lona para produzir tomates neste verão. “A previsão é que a maioria destas lavouras seja colhida nos próximos 15 dias, como é o caso de Renilson, sendo que a colheita das últimas plantadas deverá ser para a Semana Santa. Esse mesmo planejamento foi feito pelo produtor Gildeon Santana, no ano passado, e ele obteve sucesso no resultado na safra”, disse o gerente.

Para a sobrevivência dos perímetros irrigados, é fundamental que o agricultor acompanhe a evolução da agricultura, é o que avalia Paulo Sobral, presidente da Cohidro, empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri). “As novas tecnologias são sempre preocupadas com a economia de água, eliminando o consumo desnecessário. Revertendo, assim, a perda natural da capacidade desses sistemas coletivos no abastecimento, pelo desgaste natural das estruturas e pelo uso desregrado da água em outros lotes. O que nos dá uma folga operacional para que possamos investir em melhorias na rede e, principalmente – como está acontecendo agora nos perímetros de Itabaiana – para que façamos fiscalização, reparando os hidrantes que foram adulterados para passar mais água. Os hidrantes reparados agora terão contador para medir e cobrar do usuário o seu consumo”, advertiu o presidente da Cohidro.

Para quem quiser experimentar o plantio irrigado com o ‘mulching’, Renilson Araújo conta como fez o preparo dos canteiros e mangueiras de irrigação cobertos com a lona. “Foram plantadas 1.800 mudas de tomate com o mulching, onde o espaço entre uma planta e outra é de 80cm e dos canteiros, varia de 80cm a 1m, porque faço com o trator. As adubações de fundação eu fiz com fosfato monoamônico e esterco. Agora, só uso fertilizantes purificados e o nitrato de cálcio – esse não pode faltar! O investimento total foi em torno de R$ 3 mil, com a lona, adubo e irrigação”, expõe Renilson, que se preocupa em ter economia em todas etapas da produção. “Já tenho comprador. Só fazemos tirar os tomates e encaixá-los. Se eu fosse pagar transporte para levar em outros lugares, o custo sairia mais caro. Vendo um pouco mais barato e tenho meu lucro”, argumenta o agricultor. Até o fechamento da reportagem, o preço da caixa de 30kg de tomate, em Lagarto, estava sendo negociado pelos produtores por R$ 50.

Agronomia da UFS em Glória volta ao perímetro Piauí

Foto: Arquivo Pessoal

Ontem, novamente o professor-doutor Tiago Matos, da UFS em Nossa Senhora da Glória, trouxe seus alunos do curso de Engenharia Agronômica ao Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto. Desta vez foram os estudantes do 3º ciclo, segunda turma do curso no Campus do Sertão, pela disciplina Sistemas Agrícolas I. Um grupo maior que o primeiro (que visitou o perímetro dia 16 de outubro): 28 alunos, que passaram toda terça-feira visitando lotes dos irrigantes atendidos pela Cohidro.

Puderam conhecer a produção de tomate feita pelo irrigante Gidelson Gonçalves, utilizando um sistema moderno de cobertura dos canteiros com lonas do tipo mulching. Tecnologia que protege a planta, evitando doenças e pragas que vêm do contato com o solo e que afetam diretamente a qualidade do fruto. Permite que os raios solares atinjam toda planta, através do reflexo feito pelo material plástico, evitando as doenças fúngicas. Em mangueiras de gotejo que passam por debaixo da lona, a irrigação chega na planta evaporando menos, gerando economia tando de água como dos nutrientes fornecidos pela fertirrigação.

 

Estudantes de Agronomia em Glória visitam perímetro de Lagarto

A turma do 4° ciclo de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Campus do Sertão, situado em Nossa Senhora da Glória (SE), esteve no Perímetro Irrigado Piauí, unidade da Cohidro em Lagarto (SE), no dia 16 de outubro. Os estudantes, acompanhados pelos professores-doutores Thiago Matos e Gustavo Hugo, puderam conhecer os campos irrigados de variedades frutícolas e a horticultura, os métodos empregados para o cultivo e de que forma os técnicos da companhia estadual acompanham e colaboram com essa produção agrícola.

Depois de conhecer a estrutura da Cohidro que envia água para os 421 lotes irrigados, a Estação de Bombeamento (EB) 02, os estudantes seguiram para a visita técnica ao perímetro irrigado, começando na plantação de banana prata anã do irrigante Rosendo José dos Santos. O plantio se destaca pelo uso da microaspersão com fertirrigação, mais econômica e eficiente, levando o fertilizante diluído na água de irrigação até as plantas.

Trata-se da 1° turma do campus, com 24 alunos e a viagem técnica faz parte do módulo de Sistemas Agrícolas II, onde eles estudam fruticultura e olericultura. O Principal objetivo da visita foi o de confrontar a teoria, vista em sala de aula, com a prática adotada nas plantações.

Fertirrigação cresce em perímetro de Lagarto ao atender diversas culturas

Tomate, milho, amendoim, pimenta, repolho, mamão e quiabo aceitam bem a técnica. Orientação dos técnicos agrícolas da Cohidro viabiliza o uso de fertilizante diluído na água de irrigação.

 

Sistema de microaspersão fertirrigada foi aplicado à banana – Foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

A fertirrigação é uma técnica de adubação aplicável à irrigação contínua e localizada, onde os nutrientes necessários ao crescimento das plantas seguem diluídos na canalização da água e são aplicados, geralmente através dos sistemas de irrigação por microaspersão ou gotejamento, diretamente ao solo para a absorção pelas raízes. Por obter melhor resultado e aproveitamento integral dos fertilizantes, além da diminuição de mão de obra para aplicar esses insumos, o método tem encontrado cada vez mais adeptos no Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro), em Lagarto.

Cresce também a variedade de cultivos agrícolas em que a fertirrigação tem encontrado aceitação. Onde antes era mais aceito pelo tomateiro, principalmente quando associado ao sistema de cultivo protegido por lonas ‘mulching’, passou a ajudar às plantações de milho, do amendoim, das bananeiras, do mamão Havaí e agora até está contribuindo com o crescimento dos tradicionais quiabeiros. Por ter uma apreciação culinária mais restrita ao Norte-Nordeste brasileiro e regiões da África, continente onde teve origem, até hoje o cultivo do quiabo pouco teve relevância no campo de desenvolvimento de tecnologias agrícolas, mas a planta tem se adaptado bem ao novo sistema adotado pelos agricultores irrigantes de Lagarto.

Para Carlos Melo, diretor-presidente da Cohidro, a tendência é de que a agricultura praticada nos perímetros de irrigação pública se aprimore por conta própria, a partir das garantias oferecidas pelo Estado ao produtor. “Podendo contar com a água certa e regular em seus lotes, uma garantia de que irão colher aquilo que plantarem em qualquer tempo, só resta ao agricultor investir em tecnologias que melhorem o rendimento produtivo de suas áreas agrícolas, trazendo mais retorno financeiro, revertido em qualidade de vida para as famílias que dali dependem para o sustento. Não podemos deixar de destacar o papel dos nossos técnicos, que incentivam o uso de novos conceitos e colaboram com o agricultor na aplicação dessas tecnologias”, observa.

Segundo o técnico agrícola da Cohidro no perímetro Piauí, José Américo Alves, o segredo da fertirrigação funcionar em várias espécies vegetais está na dosagem, diferente para cada tipo de planta. “Aqui, o tomate recebe adubo foliar todo dia, já o amendoim ali, duas vezes na semana. Da mesma forma é a quantidade de água: no amendoim é uma mangueira de gotejamento que usa, no tomateiro são duas”, explicou ele, mostrando a diferença dos sistemas implantados em duas roças vizinhas no lote de Renilson de Jesus Araújo. O irrigante atendido pelo técnico plantou 0,33 hectares (ha) de tomate e a mesma área de amendoim com irrigação por gotejo.

Renilson de Jesus Araújo plantou duas áreas vizinhas, cada qual com uma tarefa, de amendoim e tomate com fertirrigação, via sistema de gotejo – Foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

“Na fertirrigação compensa mais, aumenta a produção, dobrou a quantidade. Aspersor convencional judia a planta e não pega em todo setor da lavoura”, considera Renilson. Sua produção é escoada para compradores em atacado e seu lote tem bastante rotatividade de culturas para sempre ter oferta dos produtos mais procurados. “Vendo por terça (um balde de 12 litros), o amendoim já despencado. Deu 200 terças em uma semana só de colheita. Se tiver área irrigada, planto o ano todo. Aonde tem amendoim, depois vou plantar milho e em outra roça de milho, vou pôr o amendoim. No tomate deu ‘broca’ (Neoleucinodes elegantalis), senão dava 600 caixas em uma tarefa”.

O produtor rural Raimundo Carvalho é outro que, em suas roças, dá preferência ao cultivo do amendoim intercalando outras culturas. “Aqui plantamos 4,5 currais (0,24 ha) do amendoim. De vez em quando planto, aqui depois vai ser repolho, mas em outra roça de milho, vai tirar e então pôr o amendoim fertirrigado, que colhe com 75 dias”, informou o proprietário de lote irrigado também assistido pela Cohidro.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola, o engenheiro agrônomo João Quintiliano da Fonseca Neto diz que o plantio do amendoim contribui com a renovação do solo, para aproveitamento em outras culturas. “Ajuda na manutenção do solo, na reposição de nutrientes, como o nitrogênio, muito necessário para o desenvolvimento de todo tipo de cultivo que depois venha ocupar aquela área. Mesmo havendo outras culturas capazes de fazer o mesmo trabalho de reposição, o amendoim sempre foi usado por ter boa produtividade em nosso clima, rusticidade e resistência à pragas e mercado certo em Sergipe, onde o amendoim cozido é patrimônio cultural. Agora percebemos mais esta vantagem, de ter excelentes resultados, com aumento de produtividade, utilizando a mesma fertirrigação que era antes adotada para outras culturas”, argumenta.

Banana

Não é só na horticultura que a fertirrigação encontra terreno. A aposta do agricultor irrigante Rosendo José dos Santos, com o plantio inicial de 2.000 pés de banana prata anã, teve bastante repercussão pelos bons resultados que já pôde obter na primeira safra, mas o sucesso muito se valeu do uso da fertirrigação. “Toda semana põe adubo. Adubou, selecionou os filhos (da bananeira), (a cultura) dura por tempo indeterminado. Deu problema de folha secando rápido, mas Marcos Emílio (Almeida, técnico Agrícola da Cohidro) orientou acrescentar fósforo na fertirrigação, mas põe também adubação de cobertura”, assinalou o produtor que vende os cachos para os feirantes da cidade de Lagarto e do Povoado Colônia do Treze, no mesmo município.

A primeira área de bananeira de Rosendo tem 1,3 ano desde que foi introduzida e já terminou sua primeira safra. Uma segunda área, perto de completar um ano de plantio, tem cachos carregados para colher a primeira produção. Nessa outra plantação o agricultor quis melhorar a fertirrigação usada na primeira, optando desta vez pelo sistema de gotejo, para ampliar a área coberta pela água. Somados, são quase 1 ha da variedade prata anã e o produtor ainda vai investir em um terceiro lote, com mais 0,33 ha da variedade pacovam. “Rendeu bem a primeira colheita. Mas teve que aumentar o número de microaspersores. Se cuidar certinho, dura muito tempo. Tiro a primeira, depois de 4 meses dá o outro cacho em outro pé, o filho (broto) substitui o pé mãe”, informou ele, que antes plantava batata-doce e macaxeira, mas agora não volta atrás na opção pela banana.

Embora obtenha resultados que surpreendam, utilizando a fertirrigação, o principal insumo para a planta ainda é a água. A bananeira requer, segundo Marcos Emílio Almeida, uma média pluviométrica anual de 1.600mm, índice de precipitação que a maioria dos municípios sergipanos não possui. “São basicamente 5mm ao dia e então a irrigação vai suprir este déficit hídrico que a planta requer. Dessa forma, a produção plena da banana no estado requer o uso de irrigação”, destacou. O técnico agrícola da Cohidro acompanhou, no ano passado, a introdução deste campo piloto de Rosendo José e agora presta toda a orientação ao agricultor, que quer aumentar o bananal em 30%, plantando a variedade pacovan.

Quiabo

Conforme informa o gerente do perímetro Piauí, Gildo Almeida Lima, o cultivo do quiabo no perímetro irrigado tem aumentado de tamanho a cada ano e agora encontra na fertirrigação mais um fator positivo para continuar o crescimento. “De 2016 para 2017 a área de cultivo cresceu em torno de 20%. Por levar entre 60 e 80 dias para começar a colher e permanecer produzindo colheitas semanais por até 3 meses, os produtores têm optado bastante pelo quiabo, que também tem boa procura nos mercados de Aracaju e Salvador. Por diminuir o número de pessoas contratadas para realizar os tratos culturais, a fertirrigação tem sido uma opção bastante adotada para estas e outras plantações no perímetro”, avalia.

Gildeon Dias dos Reis tem perto de 12 mil pés de quiabo plantados há 90 dias e em plena produção, com a expectativa de chegar às 60.000 unidades colhidas semanalmente. O produtor segue um elaborado cronograma de aplicação de fertirrigação, adubação sólida e ainda plantou em uma área onde antes havia 2 mil pés de pimenta que foram incorporados ao solo. “Com 11.000 pés, tirava 55.000 em toda lavoura. Se não adoecer, espera-se 3 meses de produção. Uso a fertirrigação da fórmula 18x18x18 (nitrogênio, fósforo e potássio) duas vezes em 15 dias e 10x20x20, após 40 dias. Com 60 dias, uma mão de esterco por pé e com 75 dias o 18x18x18 de novo, essas foram as adubações. O terreno está muito adubado e cresce muito. Vai dar 50.000 quiabos selecionados, com a colheita de três meses”, visualiza.

 

Irrigação pública contribui com a cesta básica mais barata em Aracaju

Tomate, mandioca, leite, banana, cana de açúcar e material forrageiro influi no preço dos itens da cesta básica 
Caixa do tomate foi vendia por até R$ 100, em janeiro – foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

Aracaju desde janeiro é a capital brasileira com o segundo menor valor da cesta básica de alimentos, dentre as 20 cidades pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em março calculada em R$ 339,77, acumulando queda de 3,42% nos últimos 12 meses. Dos 12 itens pesquisados, metade tem como uma das origens de produção direta, ou de suas matérias primas, os perímetros irrigados do Governo do Estado: o tomate, mais barato para o consumidor 6,74% em fevereiro e depois 8,98% em março; a banana, que caiu de valor 10,03% de janeiro para cá; a farinha de mandioca, este ano custando 19,27% menos; o leite, menos 11,38% e o açúcar, que caiu de preço 31,02%, segundo a variação anual identificada pela entidade. Derivada do leite, somente a manteiga mantém alta de 3,53% no ano.

O aumento da oferta destes e de inúmeros outros produtos sergipanos que não fazem parte da pesquisa, interfere na diminuição do valor de custo de vida do aracajuano e também de quem vive em Salvador, desde agosto (2017), a cesta mais barata do Brasil, cotada em março no valor de R$ 322,88. Ocorre que só do Perímetro Irrigado da Ribeira, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Itabaiana (54 km de Aracaju), diariamente saem para a capital baiana, cinco caminhões carregados de alimentos como alface, couve, coentro, cebolinha e rúcula; além de uma grande quantidade de micro-caminhões, conhecidos por ‘mercedinhas’, que abastecem às feiras de Aracaju e de todo o estado. Foram 11,5 mil toneladas destes folhosos, produzidos em 2017, neste polo agrícola.

Cerca de 90% do quiabo produzido no perímetro Califórnia, administrado pela Cohidro em Canindé de São Francisco (a 213 Km de Aracaju), tem como destino as feiras da região metropolitana de Salvador e de Feira de Santana-BA. Nesta unidade da empresa, foram contabilizadas 11 mil toneladas do fruto colhidas no ano passado. De lá e também do perímetro Piauí, em Lagarto (75km de Aracaju), ainda seguem para a Bahia cargas de milho verde no período junino. Nos cinco perímetros do Governo do Estado onde se pratica a agricultura irrigada, 11,5 mil toneladas de milho em espiga foram produzidas em 2017.

Para o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, a garantia de fornecimento de água para irrigação favorece a produção. “É possível produzir o ano inteiro nos perímetros irrigados, pois o sistema de irrigação só é desligado em dias de chuva ou no Dia do Rio, no caso do perímetro Califórnia, que é uma determinação da ANA (Agência Nacional de Águas) para a captação de água do Rio São Francisco, que deve ser interrompida toda quarta-feira. Dessa forma, os produtores podem assumir compromissos de fornecimento em qualquer época. Alguns fazem investimentos nos tratos culturais para obter boa produtividade e outros chegam a adquirir veículos, para eles mesmos transportarem sua produção até o mercado consumidor. Geralmente, Aracaju ou Salvador”.

Tomate
Foi notícia em janeiro, quando preço do tomate em Aracaju disparou alta de 39,16% na pesquisa do Dieese, que os agricultores irrigantes assistidos pela Cohidro estavam optando pelo cultivo do fruto, animados pela valorização que chegou a cotar a caixa de 30kg em R$ 100. No Perímetro Irrigado Piauí, 2017 fechou com a produção de 1,8 mil toneladas e entre janeiro e março deste ano, foram mais 56 toneladas. Tal aumento da oferta do produto no mercado sergipano, resultou em uma redução acumulada de 15,72% nos últimos dois meses.

Segundo gerente do Piauí, Gildo Almeida Lima, a produção tem se modernizando para atender a demanda e suplantar o inverno chuvoso, quando optam por não plantar tomate, devido a incidência de pragas. “O tomate tem dado mais certo aqui utilizando a irrigação por gotejo, só molhando a raiz da planta. Usando a fertirrigação, onde o adubo vai diluído na água e é quase totalmente absorvido pelo tomateiro. E ainda tem o uso de lona ‘mulching’, que retêm a evaporação da água e separa a planta e frutos do solo, evitando a incidência de moléstias e fungos”, relatou.

Jorge kleber Soares Lima, presidente em exercício da Cohidro, considera que a oferta regular de produtos dos perímetros irrigados administrados pela empresa, funciona como um agente regulador de preços. “Não só com o tomate, mas todo produto com viabilidade técnica para produzir nos lotes dos nossos irrigantes, vai sofrer a interferência no valor de mercado quando houver um aumento da produção. Se o preço de venda está alto, eles produzem mais, diminui o preço gradativamente e o custo final para o consumidor também cai”, argumentou. Para o diretor, essa relação só não vai ocorrem nos momentos em que os agricultores são afetados pelas grandes crises hídricas.

“A partir do resultado de Aracaju ter a segunda cesta básica mais barata do país, a tendência é de voltarmos a ter a cesta mais barata entre todas as capitais, como já ocorreu por cinco anos (2010-2015). Ciclo virtuoso somente interrompido pela grande seca de 2016 para 2017”, justificou Jorge Kleber. Segundo o presidente, embora a irrigação seja para manter a agricultura em atividade durante os períodos de estiagem, ela ainda vai depender das chuvas para a reposição dos reservatórios. “Se tivermos um período chuvoso com médias abaixo do normal, como ocorreu há dois anos, resultará em nossas barragens com pouca ou nenhuma água para irrigação, a exemplo do (Perímetro Irrigado) Jacarecica I (em Itabaiana), que parou por quase quatro meses no ano passado”.

Mandioca
Lagarto, onde está localizado o perímetro Piauí, já foi considerado pelo IBGE o município com a sétima maior produção de mandioca do Brasil. Dentro do polo irrigado essa grandiosidade se repete, com cerca de 20 casas de farinha em funcionamento para absorver a produção das nove localidades rurais abrangidas pela rede de distribuição de água da Cohidro. Favoreceu a queda de 19,27% no preço da farinha encontrada na capital sergipana, as 215 toneladas já produzidas neste ano só nesta área de atuação da companhia. Além da irrigação, o Governo do Estado fornece assistência técnica agrícola a estes produtores irrigantes.

Balde Cheio
Programa criado pela Embrapa de São Carlos-SP, consiste em um sistema de pastagens rotativas que depende inteiramente da irrigação por ter que, a cada 24 dias, repor o capim plantado no piquete irrigado e receber novamente o gado de leite, em um ciclo contínuo. A Cohidro implantou o Balde Cheio em todos os lotes irrigados em seu Perímetro Irrigado Jabiberi, em Tobias Barreto (123 km de Aracaju), em 2010. Lá, 45 pequenos pecuaristas produzem juntos uma média diária de 3,7 mil litros de leite, 73% a mais do que era gerado no início do projeto.

“Agora, estamos fazendo a transferência de tecnologia do Balde Cheio para o perímetro Califórnia, em Canindé. Lá, os irrigantes poderão optar por dedicar todo ou parte dos seus lotes irrigados para a produção de gado de leite. Além disso, todos os perímetros irrigados produzem algum material forrageiro, como os ramos da batata-doce, da mandioca, a manipueira (líquido excedente do beneficiamento da mandioca, na produção farinha ou fécula) e o milho verde, onde se usa o pé inteiro com as espigas ou a só a sua palhada. Tudo isso vai servir para a alimentação do gado de leite e, porque não, o de corte”, complementou o diretor João Fonseca. Para ele, a irrigação pública também vem por influir, indiretamente, na produção de carne vermelha, outro item da cesta básica pesquisada pelo Dieese, além do leite e da manteiga.

Banana
A bananeira requer, segundo o técnico agrícola da Cohidro em Lagarto, Marcos Emílio Almeida, uma média pluviométrica anual de 1.600mm, índice de precipitação que a maioria dos municípios sergipanos não possui. “São basicamente 5mm ao dia e então a irrigação vai suprir este déficit hídrico que a planta requer. Dessa forma, a produção plena da banana no estado requer água de irrigação”. O mesmo técnico acompanhou, ano passado, a introdução de um campo piloto da variedade ‘prata anã’ no perímetro Piauí. Hoje, o produtor tem dois mil pés em um hectare plantado e pretende agora ampliar o bananal em 30%, plantando a variedade ‘pacovan’.

“Rendeu bem a primeira colheita, mas tive que aumentar o número de microaspersores”, relatou o agricultor irrigante Rosendo José dos Santos, assistido no perímetro irrigado de Lagarto, constatando a necessidade de boa irrigação para produzir banana no município. “Se cuidar certinho, dura muito tempo. Adubou, tirou os (brotos) filhos, dura por tempo indeterminado”, conta ele sobre a sua experiência que já dura um ano e quatro meses. O sucesso do novo ‘bananicultor’, orientado pela Cohidro quanto à escolha de mudas certificadas, correção do solo, método de irrigação e manejo da cultura, vai influenciar os produtores vizinhos e bem logo, mais do fruto irrigado chegará ao mercado consumidor. Ficando assim, o produto, cada dia mais ‘a preço de banana’.

 

Preço do tomate anima irrigantes de Lagarto

Quem escolheu plantar tomate no Perímetro Irrigado Piauí, para colher neste início de ano, pôde se deparar com o mercado bastante favorável, com a caixa de 30 kg sendo vendida pelos irrigantes inicialmente por R$ 80 e no final safra chegando a R$ 100. Bastante exigente por água, o tomateiro depende de irrigação para se desenvolver comercialmente.

Esse aumento na renda obtida pelo produtor de tomate se dá no preço final, que de Norte a Sul do país se elevou. Em Aracaju, já em dezembro, a pesquisa da cesta básica do DIEESE anunciava R$ 3,09 o quilo, e de lá para cá só aumentou. Só no perímetro da Companhia de Desenvolvimento de Recursos hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Lagarto, foram cultivados 32 ha de tomate em 2017, gerando a produção de 1.790 toneladas.

No perímetro Piauí o tomate tem sido plantado na maneira mais convencional, suspenso chão por estaqueamento e amarração, ou então usando a tecnologia das lonas ‘mulching’ com a fertirrigação. Em tais sistemas combinados, um separa a planta do solo evitando a incidência de moléstias e fungos, no outro somente a raiz da planta recebe água – o que também evita a incidência doenças fúngicas e bacterianas – já com a dosagem certa de nutrientes. Combinados, métodos melhoram produtividade e diminuem custo com tratos culturais e mão de obra.

O agricultor irrigante do perímetro Piauí Gildeon Dias dos Reis, plantou na segunda quinzena de outubro, 0,6 hectares de tomate usando o ‘mulching’ e fertirrigação em seu lote. Nos primeiros dias de 2018, a produtividade superou as 450 caixas, já que a renda obtida com o pequeno lote lhe rendeu, bruto, R$ 25.000.

 

Fertirrigação e cultivo em lona contribui com Tomate em Perímetro da Cohidro

Estima-se uma colheita de 2 mil caixas de tomate fertirrigado no Perímetro Piauí

Sistema com uso de lona viabiliza o cultivo de tomate irrigado para os agricultores atendidos pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), no Perímetro Irrigado Piauí, que a Empresa Pública administra no Município de Lagarto. Neste primeiro semestre do ano, perto de duas mil caixas de Tomate (30 quilos) serão colhidas no método aonde a água que chega até a planta, via gotejamento, é fertilizada. A lavoura não requer estaqueamento, porém a proteção plástica não deixa o fruto tocar o solo, evitando doenças.

O Tomate Ty 600, híbrido cultivado pelos agricultores irrigantes do Perímetro Piauí é do tipo salada, com frutos grandes e rijos e tem peso médio de 180 a 210 gramas, tamanho que se mantem uniforme em todo ciclo de colheita. A coleta é feita geralmente após os 75 dias de plantio, com 70 a 80% dos frutos maduros, repetindo o processo duas vezes, num intervalo médio de uma semana. Embora a variedade utilizada seja resistente a muitas doenças, a safra dos dois produtores em Lagarto foi atacada pela Broca-pequena do Tomateiro, provocada pela mariposa Neoleucinodes elegantalis.

Devido ao ataque da praga, a expectativa era de uma safra 60% maior, conforme comentou o agricultor irrigante José Edmilson dos Santos. “Colhi 600 caixas, eram para ser 1.500. A chuva atrasou a colheita e como essa foi a primeira vez, só arranquei uma vez o mato”, justifica o produtor. As plantas invasoras, que servem de hospedeiro para pragas e o maior tempo de exposição do fruto aos insetos, prejudicou a colheita dele, mas isso não o desanima. “Eu sempre quis plantar o Tomate, pois é um plantio arriscado, tanto pode ganhar muito, como pode perder. Vou cuidar melhor na próxima, fazer mais de uma dessas limpezas de mato”.

O rendimento médio da colheita do Tomate de José Edmilson foi de 786 caixas por hectares (ha). Ele plantou quatro mil plantas em uma área de 0,76 ha, no sistema Mulching, onde uma lona cobre o canteiro e as mangueiras do sistema de gotejamento. A irrigação, desse tipo, molha somente o solo onde são transplantadas as mudas, após os 25 dias de semeadura, que crescem pelos pequenos furos na cobertura plástica.

A lona plástica evita o contato do fruto com o solo e tem a face externa branca, o que tem função tripla ao refletir a luz do sol, pois a planta recebe mais luminosidade, aumentando seu metabolismo na fotossíntese, mesmo motivo que diminui a incidência de fungos, por não reter umidade e pela baixa absorção de calor da coloração, a temperatura do solo diminui. O agricultor utilizou, em sua plantação de Tomate, quase três mil metros do produto, a um custo aproximado, incluindo as mangueiras, de R$ 3,5 mil. Mas a isso ainda se soma os custos com sementes, mão de obra e os nutrientes da fertirrigação, que é a adubação feita constantemente via a irrigação.

“Tenho muito que agradecer a Cohidro, pois mesmo na época de chuva a Empresa ligava as bombas, para irrigar e distribuir a adubação nos tomateiros. O técnico agrícola Willian Domingos prestou assistência técnica e sempre estava aqui me acompanhando”, referenciou Edmilson, sobre o apoio dado pela Companhia. Agora, depois de colhido o Tomate, ele pretende introduzir imediatamente, como cultura rotacional, o Milho e o Quiabo, que lhe renderá colheitas até setembro e outubro. Depois, retorna o plantio do fruto como fez desta vez, em dezembro.

Gilvante Teixeira, gerente do Perímetro Piauí, conta que orgulha ao Perímetro ter agricultores preocupados em tornar a produção mais eficiente, investindo em tecnologia. “As áreas irrigadas são pequenas, 1,5 ha em média, mas pelo fato de receberem irrigação contínua, esses pequenos lotes se transformam em grandes unidades produtoras que geram alimento o ano todo. Mas em casos como de José Edmilson e ainda de Gildeon Dias, que experimentam novas técnicas de plantio com base na irrigação, eles superam esta realidade já positiva. Quem investe mais, acaba por lucrar mais”, avaliou.

Já o presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, analisa que além do aumento na renda e competitividade do produto gerado no Perímetro Irrigado, ganha o mercado e o cidadão, com mais oferta de produtos. “Os alimentos se tornam mais acessíveis e todos ganham. O produtor gera mais renda, pois produz melhor e pode também arriscar plantar diferentes tipos de alimentos usando essas tecnologias, dinamizando sua oferta, fazendo novos negócios. É mais produção, maior variedade para o povo sergipano, que acaba por pagar menos, já que não precisa arcar com o custo de importar tudo do Sul do País, nesses casos”, disse.

Gildeon Dias dos Reis plantou, no mesmo sistema Mulching, o Tomate fertirrigado, em três áreas que somadas correspondem a 1,2 ha. Começou a colher em 4 de março em uma área de uma tarefa, onde obteve 222 caixas, rendimento médio de 727 caixas/ha. Na segunda área, com coleta iniciada dia 10 e de 1,5 tarefas, o rendimento quase dobrou, colheu 560, média de 1.223 caixas/ha. Agora, dia 30, ele começou a colheita da terceira área, de tamanho igual ao da primeira.

Se neste último plantio, Gildeon seguir no mesmo ritmo da sua segunda área e se a produtividade ainda não melhorar, o produtor irá colher, ao todo, em torno de 40 toneladas de tomate. “Vendo a caixa do Tomate no valor de R$ 30 a R$ 35, pois entrego direto ao feirante”, relatou. O investimento anterior que ele fez, na compra de caixas plásticas para o transporte, lhe garante a vantagem de não precisar de atravessadores intermediários, que diminuem o valor pago pelo produto.

Para o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Rural da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, o agricultor tem que se sentir privilegiado por ter a irrigação pública em seu lote. “Se ele não tem os custos que um agricultor normal teria para implantar o sistema de irrigação na sua lavoura, a exemplo da compra de bombas, tubos e etc, ele deve então investir em tecnologia de produção e ferramentas que o ajudem a produzir e vender melhor”, finalizou.

Sistemas de cultivo protegido são viáveis na Cohidro em Lagarto

Telas de proteção podem cobrir grandes áreas de plantio

O aumento do interesse pela alimentação natural tem elevado também a incidência de cultivos de vegetais onde não haja o uso de agrotóxicos. Por isso, a agricultura feita em sistemas de cultivo protegido tem sido uma alternativa implementada com sucesso por alguns agricultores alocados no Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Lagarto. Sejam os produtores orgânicos ou convencionais, eles estão aderindo à Hidroponia em estufas, ou então ao uso de telas de proteção contra insetos e raios ultravioletas (UV).

A prática da Hidroponia é baseada no cultivo de vegetais em meio líquido, através de calhas e sem contato com o solo. A planta passa todo seu ciclo de vida na água de irrigação enriquecida os com nutrientes necessários ao seu desenvolvimento. Já as telas têm o objeto de evitar que insetos e suas larvas tenham contato com a plantação, eliminando o risco de contaminações parasitárias que se alimentam, arruínam e muitas vezes até matam o vegetal infectado. Essa trama pode também ser dotada de proteção contra raios UV, provenientes do sol, que igualmente impõem restrições a qualidade dos produtos, notadamente das folhosas, nos horários de maior incidência.

Na propriedade do irrigante Gidelson Gonçalves, as duas tecnologias vêm sendo aplicadas com resultados positivos. Há o cultivo hidropônico com o uso de telas de proteção laterais, além de cobertura plástica de estufa contra a ação da chuva e quem toma conta da instalação é o filho do agricultor, Denisson Rosendo dos Santos. Mas o agricultor possui uma grande área onde há telas de nylon que protegem a plantação e permitem cultivar diversos tipos de legumes e verduras, sem o uso de agrotóxicos.

Gidelson explica que nos seus seis mil metros quadrados de cultivo, protegido pelas telas, planta uma variedade frutífera peculiar e bastante saborosa, chama de “Tomate-uva”, o Repolho, Alface de vários tipos, a Cebolinha e a Couve flor, sem usar agrotóxicos. “No começo o cultivo era convencional, pois o consumidor, o atravessador, pouco ligavam para a procedência dessas hortaliças. Hoje estou mudando, arriscando num cultivo sem uso de veneno, confiando na potencialidade da tela”. Instalada há mais de três anos, a trama plástica importada de Israel, na época, levou cerca de uma semana para ser montada.

“Quando eu comecei, esse telado foi uma saída que encontrei para defender a plantação da mariposa, que gera a broca do tomate e faz uma miséria no fruto. Como eu não tinha esterilizado o solo antes do plantio, alguns focos da praga permaneceram. Por isso ainda precisei utilizar o agrotóxico, mesmo assim 80% menos do que antes da tela”, ressalta Gidelson, garantindo que hoje estes problemas iniciais foram superados e que o uso de inseticidas é zero e o controle das pragas fica garantido pela tela plástica.

Hidroponia

Denisson Rosendo, que também é acadêmico em Agroecologia pelo Instituto Federal de Sergipe (IFS), produz em sua estufa hidropônica cinco variedades alface: Crespa, Lisa, Roxa, Cacheadinha e Americana. Segundo o jovem empreendedor rural, qualquer cultivo pode ser feito no processo de plantio hidropônico. “Desde uma árvore até uma cebola, hoje em dia pode se usar qualquer tipo de semente. O que nós fazemos aqui é o mesmo trabalho que uma planta faz para receber nutrientes, porém, nós não utilizamos a terra,” relatou Denisson, que na sua pequena estufa hidropônica de oito metros por 10, já colhe 950 pés de alface a cada 45 dias.

Para o diretor de Irrigação da Cohidro, o Engenheiro Agrônomo João Quintiliano da Fonseca Neto, a hidroponia é um procedimento de vanguarda, que elimina o uso em excesso de agroquímicos. “A água que, no processo convencional, se perde infiltrada no solo ou evaporada pela exposição ao sol, nesse sistema é aproveitada inúmeras vezes, até ser consumida pela planta, o que corresponde a um aproveitamento quase que de 100%. Longe do solo, muitos patógenos – principalmente os fúngicos – não vão infectar e adoecer a planta e com isso evita-se o uso de agrotóxicos”, considerou.

Denisson ainda revela que não pretende parar por aí com seu cultivo hidropônico e que já pensa no plantio de outras variedades olerícolas. “Estou pensando em começar também a plantar outras verduras, como a Salsa, o Agrião, a Rúcula e a Mostarda. Nós temos aqui por enquanto a alface de vários tipos, mas nossa meta é crescer e variar aos poucos a nossa produção,” comenta ele que além do conhecimento adquirido em sua faculdade, conta com o apoio prestado pela assistência técnica e de logística oferecida pela Cohidro, como sugere Gilvanete Teixeira, gerente do Perímetro Irrigado Piauí.

“Nossos técnicos levam até esse cultivo de Denisson, o conhecimento que têm no tratamento das plantas no modo convencional e no orgânico, novas alternativas e novos métodos, para serem aplicados também ao experimento da Hidroponia aqui feito com sucesso. Tanto está dando certo, que conseguimos para o jovem empreendedor, um espaço na feira agroecológica que realizamos semanalmente em Lagarto, tendo lá uma barraca para comercializar seus produtos de qualidade visível e sem uso de agrotóxicos”, avalizou Gilvante.

Cultivo orgânico

O Presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano considerou de imensa importância tais iniciativas dos produtores. “Eles economizam em defensivos, podendo investir esse dinheiro poupado no aumento dos viveiros e assim produzir mais. Economizam água e também em espaço, como no caso da Hidroponia, empilhando as calhas-viveiros, multiplicando a quantidade de plantas no mesmo espaço de um canteiro normal. Mas o melhor de tudo é saber que são alternativas eficazes para usar menos ou nenhum agrotóxico, produtos que a nossa Empresa vem sempre insistindo em incentivar o desuso e apostando num final feliz, que resulte na conversão total ao cultivo orgânico”, complementa.

Dos mais experientes produtores orgânicos do Piauí, João Pacheco garante a procedência dos seus produtos livres de agrotóxicos. Ele e outros 10 produtores formam um Organismo de Controle Social (OCS), que é autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para a venda direta ao consumidor de produtos orgânicos. “Quem oferece na feira um produto orgânico sem ser, logo será descoberto. Eu não vejo problema nenhum em vir visitar minha horta, porque sei que estou trabalhando correto”, destacou.

A importância que João Pacheco dá em não usar defensivos químicos é tamanha que agora ele decidiu inovar. Investiu R$ 14 mil também em enorme telado vermelho, anti-insetos e raios UV, que também retem o impacto da chuva sobre os canteiros. Medindo 70 por 30 metros, a grande área coberta abriga as culturas que são mais vulneráveis à ação das pragas, como as variedades de Tomate Cereja e Tomate Francês, o Pimentão, o Jiló, a Berinjela, a Alface, a Cenoura, o Repolho e também o Coentro. “Se conseguir ter uma boa produção, sem ser estragado por nenhum inseto como promete fazer o produto, consigo compensar o investimento, economizando principalmente no custo da mão de obra, que teria aplicando os defensivos orgânicos que uso fora da estufa”, justifica.

Última atualização: 29 de novembro de 2018 12:49.