Tomaticultores de Lagarto investem na plasticultura e fertirrigação com gotejamento

As tecnologias aplicadas no perímetro público de Lagarto reduzem a mão de obra, economizam água, fertilizantes e produzem frutos de melhor qualidade

A fertirrigação é feita com mangueras de gotejamento que passam debaixo da lona ‘mulching’ [foto: Fernando Augusto]
Faça chuva ou faça sol, contando com a irrigação pública dos perímetros irrigados estaduais, dá para plantar tomate durante todo ano. E mais, no município de Lagarto, Centro-Sul sergipano, tem agricultor irrigante que aproveita a água fornecida pelo Governo do Estado para trabalhar com tecnologias de cultivo que aumentam a produtividade e diminuem custos. E ainda, faz crescer a renda líquida com a venda das colheitas.

No Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), que é vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), os produtores lançam mão à plasticultura e a fertirrigação para cultivar o tomate. Gildeon Reis é um deles. Experiente no cultivo de milho, pimentas e quiabo, também usando fertirrigação, ele explica que cada etapa da lavoura exige um tipo de adubação.

“Primeiro fiz um transplante das mudas e depois de uns três dias já entrei com o primeiro adubo na fertirrigação”. Nesta primeira etapa, Gildeon usa um fertilizante sólido, solúvel na água de irrigação e que contém uma alta concentração de fósforo, estimulando o crescimento vegetativo, das raízes e floração. “Com 20 dias eu entro com o fertilizante 18/18/18 NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). E depois de 45 dias, já é outro produto’”.

Na fertirrigação, um mecanismo injeta os fertilizantes necessários para o desenvolvimento da planta diretamente no sistema de irrigação do lote, feito por mangueiras de gotejamento. A tecnologia hoje é amplamente usada em diversos tipos de cultivos agrícolas nos perímetros irrigados de vocação agrícola da Coderse.

Os produtores dos perímetros irrigados têm também a assistência técnica fornecida pelo Estado. Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Coderse, Júlio Leite, esse auxílio vem para complementar o que é investido, em recursos públicos, para que chegue água no lote dos irrigantes, gerando renda, empregos e alimentos com preços justos para a população.

“Irrigação, assistência técnica e ainda tem um assessoramento feito para que esses irrigantes participem de programas de ‘compras institucionais’, como o Alimenta Brasil e PNAE. São serviços públicos complementares entre si e que, no conjunto, incentivam o agricultor que está sendo beneficiado em um perímetro da Coderse. Eliminando chances de perda de safras; baixa produtividade e a desvalorização dos produtos, quando a comercialização é feita só com os atravessadores”, avalia Júlio Leite.

Técnico agrícola da Coderse, Williams Domingos atua na assistência à produção agrícola a partir da irrigação. “A gente orienta o produtor no manejo de irrigação adequado, introduzindo certos equipamentos novos, como a fertirrigação, como a irrigação por gotejamento. Que antigamente era a aspersão convencional. Orientando o uso de agrotóxicos na época e na forma adequada, sem o uso indiscriminado, respeitando os períodos de carência da cultura quando ele for colher”.

A fertirrigação traz praticidade, diminuindo a necessidade de contratar mão de obra ou máquinas para fazer a adubação diretamente na planta. “O adubo é misturado na água (da irrigação) e vai para a planta. Em dez minutos eu já adubei uma área de mil pés. Depois que plantar, eu sozinho resolvo. Só tem um rapaz que vai aplicar na planta (o defensivo químico) com a bomba costal”, expôs o produtor Gildeon, que mesmo sendo pessoa com deficiência, sem parte de uma das pernas, não tem dificuldade para operar o sistema de fertirrigação.

Plasticultura
Os agricultores irrigantes, incluindo Gildeon Reis, investem no uso de lonas ‘mulching’. O plástico especial retém a água de irrigação no solo, diminuindo a evaporação; cobre o solo de tal forma, que elimina o nascimento de ervas daninhas e ainda protege os frutos do contato e contaminação do solo. Isso aumenta a qualidade e o valor agregado da produção colhida, repercutindo em maior renda ao irrigante. A plasticultura substitui o método de estaquia, em que as plantas crescem verticalmente amarradas em uma vara.

As vantagens de usar a tecnologia de cultivo protegido, dão segurança até para o agricultor arriscar a plantar em épocas em que o clima não favorece. “Ninguém planta mais na vara com cordão, porque é muito trabalho. E o pessoal faz o plantio sempre em setembro, outubro, novembro. Eu estou plantando em uma época já de final. É meio perigoso, porque pode chegar o inverno cedo e eu estou fazendo a colheita. O que não é bom”, apontou o irrigante Gildeon.

“Faz a leira antes de colocar o ‘mulching’; com uma adubação de fundação e o sistema de irrigação, que é o gotejo. É uma tecnologia que deu certo. Tanto para o pessoal do tomate, como o da pimenta e hoje tem plantação de quiabo usando o ‘mulching’, porque reduz a mão de obra. Você não tem problema de capinar aqui em cima, não tem mato em cima dele. Ele garante também que o tomate cresça aqui em cima e não apodreça, porque ele não tem contato com o solo”, completou o técnico Williams.

 

Funcionários da Serhma e Cohidro participam de curso de projetos em irrigação

Alunos aprendem projetos de irrigação em CAD baseados em clima; solo; ecossistema; cultivo; alternativas de economia energética e de mão de obra, como a irrigação noturna e fertirrigação.

[foto: Ascom/Cohidro]
Funcionários e estagiários da Superintendência Especial de Recursos Hídricos e Meio Ambiente de Sergipe (Serhma) e da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), vinculadas respectivamente às Secretarias de Estado do Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade (Sedurbs) e da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), participam do curso de elaboração de projetos de irrigação, aplicado pelo engenheiro agrônomo e mestre em irrigação da Cohidro, Luiz Gonzaga Luna Reis, que tem quase 40 anos de experiência no serviço público estadual. A intenção foi perpetuar os conhecimentos técnicos dos funcionários da ativa, preservando-os no acervo das instituições públicas.

Além das aulas teóricas semanais, a capacitação já levou alunos a realizarem aula prática no município de Neópolis. “Foi realizada, com o auxílio dos alunos, a medição de vazão do trecho de um riacho pertencente à Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco”, frisou Ailton Rocha, superintendente da Serhma.

A ideia de melhorar os conhecimentos dos funcionários surgiu a partir de demandas referentes aos processos de irrigação no Estado. O engenheiro agrônomo Luiz Gonzaga relatou no evento que a sua motivação em oferecer o curso é a de poder disponibilizar o seu conhecimento para outras gerações de servidores públicos do Estado. “Não teve data para começar ou terminar o curso. [Na Sehrma] o pessoal faz o projeto de irrigação e eu só concluo quando eles estiverem aptos a fazerem um projeto sozinho”, enfatizou ele, que hoje ensina para uma turma em cada instituição.

O curso aborda o dimensionamento hidráulico baseado nas condições climáticas do local, edafológicas e da cultura a ser irrigada; fertirrigação; sistemas de automação; projeto desenvolvido em CAD (desenho assistido por computador); aplicação prática em campo e a irrigação noturna. “Este curso tem a finalidade de especializar profissionais da área agronômica em projetistas de irrigação localizada (microaspersão e gotejamento)”, complementa o especialista.

Para o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Fonseca, é uma oportunidade para os novatos expandirem seus conhecimentos e das instituições manterem suas expertises na área de irrigação. “Quando esses funcionários ‘prata da casa’ se aposentam, muitas vezes levam consigo muito da experiência que os próprios entes públicos adquiriram, através da contratação e da vivência adquirida por estes profissionais. O que, muitas vezes, a reposição de pessoal não consegue recuperar a curto ou médio prazo. Que a iniciativa de Luiz Gonzaga, a partir do convite da Serhma, sirva de exemplo para outros colegas nossos. E que também os outros órgãos possam ter iniciativas parecidas, para passar o conhecimento adiante”, salientou o diretor.

Engenheiro agrônomo na Coordenadoria de Outorga e Fiscalização da Serhma, Francisco Freitas Santos destacou as qualidades pessoais e técnicas do colega veterano, o que para ele tem facilitado bastante o andamento do curso em que é aluno. “Luiz Gonzaga é uma generosidade, uma pessoa formidável. Tem uma gentileza, uma disponibilidade. É um coração tão bom, que eu acho que não tinha pessoa mais adequada para ministrar esse curso. Sem contar com o conhecimento prático e teórico que ele tem sobre o tema. Aqui, para a outorga e fiscalização, o curso é extremamente fundamental. É a base para o entendimento do que se passa dentro da elaboração dos projetos de irrigação que são apresentados aqui. Nós recebemos processos para análise, dos interessados em utilizar a água, de manancial superficial ou subterrâneo, para fins de irrigação”.

[Vídeo] Melão de alta performance é mostrado em Dia de Campo em perímetro da Cohidro no Alto Sertão

O programa Estação Agrícola, da TV Sergipe, neste domingo (22) destacou o Dia de Campo sobre o Cultivo do Melão Amarelo no Alto Sertão, realizado no lote do agricultor Erivaldo Peixoto. Ele é atendido com água de irrigação e assistência técnica agrícola pelo Governo de Sergipe no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco. 

Estudantes de nível técnico e superior, além de outros agricultores, puderam conhecer toda a técnica utilizada pelo produtor irrigante em sua lavoura de alta performance. Utilizando, sob orientação da Cohidro, a fertirrigação e a irrigação localizada, por mangueiras de gotejamento. 

Canindé produz mais de 3mil toneladas de quiabo no 1º semestre

Principal produto colhido no município, quiabo conta com tecnologias de irrigação pública e assistência técnica oferecida pela Cohidro
[Foto: Fernando Augusto]
O quiabo é o produto mais colhido no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco. Segundo a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), administradora do Califórnia, de janeiro até junho deste ano, a produção do alimento no perímetro foi de 3.486 toneladas (t), gerando uma renda bruta aos produtores rurais de R$ 3.187.600,00. Com isso, a produção deste ano aumentou em 41,6%, se comparada ao mesmo período de 2020 (com 2.034 t). Com modernização e investimento em tecnologia na irrigação, métodos de adubação, qualidade e variedade de sementes, o produto garante a liderança, ao longo dos quase 35 anos de existência do perímetro irrigado do Governo do Estado no Alto Sertão.A safra, que dura o ano inteiro, tem como principais destinos as cidades baianas de Salvador e Feira de Santana. A alta oferta também gera períodos em que o excesso do produto diminui a margem de lucro do produtor. Ainda assim, o quiabo é a cultura que mais gera renda à agricultura familiar, trabalhadores rurais, de estocagem e transporte em Canindé. “O quiabo colhe toda semana, três vezes por semana. Aí, dá para pagar o trabalhador. Tenho ainda o feijão de corda, que plantei como um complemento, e a macaxeira, que colhe de nove em nove meses. Mas o forte mesmo aqui, para mim, é o quiabo. O comprador tem todo dia na porta, todo dia nós mandamos”, destacou o agricultor irrigante Arnaldo Tomé da Silva.Para manter o quiabo como uma cultura rentável, eficiente e econômica, Seu Arnaldo apostou na modernidade. Ele investiu na irrigação por mangueiras de gotejamento e praticamente abandonou o uso de aspersores convencionais de irrigação, que são antigos, caros e desperdiçam água. De baixo custo, o agricultor consegue cobrir toda lavoura de quiabo com as mangueiras de gotejamento, tecnologia que também permite a fertirrigação. Nela, é possível adubar as plantas diluindo os fertilizantes na água. Ao mesmo tempo em que economizam a água dos reservatórios do perímetro, os gotejadores da mangueira irrigam somente o pé da planta, evitando a perda de nutrientes.O agricultor conta ainda que seu lote de 5,4 hectares utiliza 16 redes de irrigação de gotejo. “No início, só tinha uma rede e metade de outra, não sabia nem como fazer. Hoje, aqui, trabalho sossegado. Já houve épocas que colhi seis meses de quiabo, e outras que só colhi dois meses. Varia muito, mas graças a Deus, nunca faltou. Não sei fazer outra coisa, só sei trabalhar e não posso dizer que está ruim. Todo dia eu tenho o dinheiro do pão e da feira”, agradeceu Arnaldo Tomé. No clima Semiárido, o quiabo precisa de muita água, fornecida pela Cohidro juntamente com a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). “Eles fazem a parte deles e a gente faz a nossa”, complementa o irrigante.

Um dos técnicos agrícolas que atendem as roças de quiabo no perímetro Califórnia é Luiz Roberto Vieira, que conta que a plantação de seu Arnaldo é muito bem cuidada. “O nosso trabalho é no cotidiano. A assistência é feita todos os dias, e cada área tem um técnico responsável. Seu Arnaldo é um agricultor nato, com dez anos de experiência trabalhando com o quiabo. Procuramos orientar o produtor sempre dentro dos critérios técnicos da cultura. Ou seja, análise de solo, preparo do solo, as adubações”, disse o técnico agrícola.

[vídeo] Macaxeira irrigada no perímetro de Lagarto foi destaque no Sergipe Rural

Assista o vídeo apontando a câmera do seu celular para o QR Code

Irrigar a macaxeira pode ser um bom negócio, foi o que mostrou o programa Sergipe Rural deste sábado (19), na Aperipê TV. Graças ao fornecimento de água e a assistência técnica agrícola fornecida pela Cohidro, os lotes do Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, podem produzir macaxeira o ano todo, aproveitando para lucrar nos períodos de entressafra das lavouras de sequeiro.

E mais, a macaxeira irrigada cresce mais rápido, é colhida novinha e se torna um produto de melhor qualidade, mais macia e saborosa depois do cozimento. O uso do sistema de mangueiras de gotejamento torna o cultivo ainda mais eficiente e prático ao produtor, sem desperdiçar água e podendo usá-lo para a fertirrigação, quando a adubação é feita diluindo os nutrientes na água de irrigação.

Perímetro irrigado de Lagarto estima colheita de 1M de espigas de milho verde até o São João

Produtividade média no perímetro administrado pela Cohidro é de 20 mil espigas por hectare
Renilson de Jesus [foto reprodução]
Às vésperas do ciclo junino, os levantamentos prévios da produção de milho verde no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, já registram aumento. O incentivo da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), que fornece irrigação e assistência técnica agrícola aos lotes durante o ano inteiro, tem repercutido na expectativa de colheita de 663 toneladas de milho verde, de janeiro até o São João, auge da demanda pelo produto. No comparativo com 2020, é possível verificar que, somente a parcial de sete meses, já supera o resultado registrado no ano passado quando foram colhidos 523.190 kg. O bom preço e a expectativa de um mês junho mais aquecido para as vendas têm incentivado o aumento da produção entre os irrigantes.Renilson de Jesus, agricultor irrigante do perímetro Piauí, conta que decidiu cultivar o milho verde pela rapidez da colheita e pelo fácil comércio. Ele, como quase todo produtor com lote no perímetro irrigado de Lagarto, cultiva uma parte da área com o milho, nem que seja para o consumo da família durante as festividades de Santo Antônio, São João e São Pedro.  “Decidi plantar pela questão da agilidade. São 75 dias para colher esse milho ‘feroz’ aqui. Posso colher de inverno a verão e repassar para os compradores”, explica. O que anima bastante os agricultores é o preço que eles estão conseguindo pelo produto: estão vendendo a espiga, no campo, por R$ 0,40 a unidade.Apesar da tradição do município ser o plantio da mandioca, em que o cultivo pode ser feito todo sem irrigação, com a chegada do perímetro irrigado em Lagarto, os agricultores têm mudado seus investimentos, como aponta o gerente do Piauí, Gildo Almeida. “Hoje os produtores estão investindo mais na rotação de cultura e, com a assistência técnica da Cohidro aqui no perímetro, o milho verde está sendo produzido em grande quantidade no ano todo”, afirma o gerente. Gildo destaca que, além da venda do milho para consumo, boa parte da produção também é utilizada como silagem para alimentação animal. Dessa forma, o risco que o produtor irrigante tem com o milho é mínimo. Se ele não conseguir escoar a produção de espigas, pode vender os pés de milho – com ou sem espigas – para servir de ração.Para o agricultor Rafael Barbosa, que utiliza o sistema de irrigação por gotejamento para produzir milho verde continuamente, no perímetro Piauí, somente em seu lote, a previsão de produtividade gira em torno de 38 mil espigas por hectare. “Com a irrigação, conseguimos manter a produção o ano todo, mas para a época do São João o plantio deve ser feito em abril. Aí conseguimos vender tanto para as cidades vizinhas quanto para fora do estado. E o que sobra damos para o gado”, conta Rafael.  Mais eficiente, em comparação aos sistemas de aspersão, a irrigação por gotejamento é localizada, só molhando o pé da planta, sem desperdiçar água – o que também favorece o uso da fertirrigação, quando os fertilizantes são diluídos na água da irrigação para adubar a planta automaticamente.Segundo o gerente do perímetro Piauí, neste ano, o plantio começou cedo. “No mês de janeiro já tínhamos áreas plantadas. A previsão é de mais de 51 hectares plantados, dando uma estimativa de produção de mais de 663 mil kg de milho verde colhidos até o fim do mês de junho”, afirma Gildo Almeida. Considerando a média de 20 mil espigas por hectare registradas no perímetro irrigado de Lagarto, a produção esperada até São João é de 1.020.000 de espigas colhidas.

Produtores de tomate em Lagarto usam tecnologias econômicas e produtivas

Lona branca evita crescimento de ervas daninhas, diminui temperatura para planta e melhora a fotossíntese com reflexo do sol. Fertirrigação também é utilizada

A lona plástica evita o contato do fruto com o solo e com isso impede a ação de diversas pragas e doenças. Doutro modo, cobrindo os canteiros o material evita que a água de irrigação evapore com a mesma facilidade de um solo exposto, protege o canteiro da ação erosiva das chuvas e também erradica o crescimento de ervas daninhas, que roubam os nutrientes do tomateiro e posteriormente dificultam a colheita do tomate. [Foto: arquivo pessoal]
Em Lagarto, a 75 km da capital sergipana, tem agricultor investindo em tecnologia para produzir mais e melhor, e ainda com redução nos custos de manutenção. A economia e a produtividade são resultados do uso de lonas do tipo ‘mulching’, que além de eliminar pragas e doenças, ajuda no desenvolvimento da planta, protege o solo, economiza a água de irrigação e a mão de obra, dispensando o uso de estaqueamento. É assim nas lavouras de tomate do Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, onde a produção é acompanhada de perto pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) que, além de fornecer a água irrigada para os lotes produtivos, ainda presta assistência técnica agrícola e assessoria em agronegócio aos irrigantes. Outra tecnologia utilizada pelos agricultores é a fertirrigação, em que os fertilizantes chegam à base da planta diluídos na água da irrigação, precisando apenas de mão de obra para a adubação de fundação da terra antes de receber as mudas.

“Já plantei outras vezes, mas antes o plantio era feito na vara. É a primeira vez que planto na lona e estou gostando, principalmente pela redução da mão de obra, que diminui em 50% ou mais. Primeiramente, foi feita a adubação de fundação. Depois que a lona foi colocada, aí é só na fertirrigação. Tem algumas diferenças entre a lona e a vara. Se o tomate desenvolver na lona, a produção é muito melhor e com menos trabalho. Já na vara, dá mais trabalho com uma produção inferior, além de ser preciso ficar mexendo no pé para colocar o cordão, para não abrir, e todo esse processo derruba a flor. Na lona, toda flor vinga, aí se der tomate sadio, ele rende a produção”, justificou Renilson de Araújo, irrigante do perímetro Piauí que plantou o tomate em 0,33 hectares de seu lote irrigado. “Se tudo der certo, começo a colher já no próximo mês”, espera o agricultor.

Os investimentos no perímetro tem acompanhado o mercado da tecnologia agrícola, de acordo com o gerente do perímetro irrigado Piauí, Gildo Almeida. “Há 30 anos, o perímetro irrigado foi criado pelo Governo de Sergipe utilizando a aspersão convencional, e hoje pouco se vê desses equipamentos. A maioria já migrou para as mangueiras de gotejo – como ocorre nas plantações, utilizando o ‘mulching’ – ou a microaspersão, com menos custos”, explica Gildo. Ele conta ainda que seis irrigantes escolheram investir no uso da lona para produzir tomates neste verão. “A previsão é que a maioria destas lavouras seja colhida nos próximos 15 dias, como é o caso de Renilson, sendo que a colheita das últimas plantadas deverá ser para a Semana Santa. Esse mesmo planejamento foi feito pelo produtor Gildeon Santana, no ano passado, e ele obteve sucesso no resultado na safra”, disse o gerente.

Para a sobrevivência dos perímetros irrigados, é fundamental que o agricultor acompanhe a evolução da agricultura, é o que avalia Paulo Sobral, presidente da Cohidro, empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri). “As novas tecnologias são sempre preocupadas com a economia de água, eliminando o consumo desnecessário. Revertendo, assim, a perda natural da capacidade desses sistemas coletivos no abastecimento, pelo desgaste natural das estruturas e pelo uso desregrado da água em outros lotes. O que nos dá uma folga operacional para que possamos investir em melhorias na rede e, principalmente – como está acontecendo agora nos perímetros de Itabaiana – para que façamos fiscalização, reparando os hidrantes que foram adulterados para passar mais água. Os hidrantes reparados agora terão contador para medir e cobrar do usuário o seu consumo”, advertiu o presidente da Cohidro.

Para quem quiser experimentar o plantio irrigado com o ‘mulching’, Renilson Araújo conta como fez o preparo dos canteiros e mangueiras de irrigação cobertos com a lona. “Foram plantadas 1.800 mudas de tomate com o mulching, onde o espaço entre uma planta e outra é de 80cm e dos canteiros, varia de 80cm a 1m, porque faço com o trator. As adubações de fundação eu fiz com fosfato monoamônico e esterco. Agora, só uso fertilizantes purificados e o nitrato de cálcio – esse não pode faltar! O investimento total foi em torno de R$ 3 mil, com a lona, adubo e irrigação”, expõe Renilson, que se preocupa em ter economia em todas etapas da produção. “Já tenho comprador. Só fazemos tirar os tomates e encaixá-los. Se eu fosse pagar transporte para levar em outros lugares, o custo sairia mais caro. Vendo um pouco mais barato e tenho meu lucro”, argumenta o agricultor. Até o fechamento da reportagem, o preço da caixa de 30kg de tomate, em Lagarto, estava sendo negociado pelos produtores por R$ 50.

Irrigação pública favorece cultivo do mamão havaí em Lagarto

No perímetro irrigado do Estado, a produção anual em média é de 150 toneladas

[Foto: Ascom/Cohidro]
O mamoeiro, que pode chegar a quase 10 metros de altura, dá fruto doce e suculento, bastante popular no Brasil. Seu cultivo tem ganhado espaço em Sergipe, a partir da irrigação, há bastante tempo. No estado, a variedade mais produzida e comercializada é o mamão havaí, também conhecido como papaia. No município de Lagarto, a 75 km da capital, o Governo do Estado fornece água e assistência técnica agrícola para que agricultores produzam o mamão de forma competitiva aos produtos vindos de outros estados. Com o subsídio oferecido através da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) e o uso de recursos tecnológicos, como a fertirrigação e a microaspersão, os produtores geram renda familiar e abastecem, com o fruto, os mercados de  Lagarto e região, durante o ano inteiro.

No Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Cohidro naquele município, o agricultor Josenaldo Conceição possui 3 mil pés de mamão distribuídos em parcelas, cada uma plantada em uma data, que começam a produzir cerca de sete meses após o plantio. Segundo o fruticultor, a estimativa é que sua produtividade média alcance 16 toneladas por hectare. “Em média, consigo tirar de 40 a 50 caixas por dia, quando as coisas estão no auge. Ouvi dizer que era bom e decidi experimentar. Gostei e continuei plantando”, considerou o produtor. Ele utiliza a fertirrigação, em que a adubação é diluída na água de irrigação, e a microaspersão – equipamentos de dispersão de água que geram economia, ao irrigar somente a parte necessária. Ele conta também que, por ter plantado em épocas diferentes, consegue vender o ano inteiro, algo que já faz há quatro anos, desde que começou a apostar no mamão.

A tática de cultivar pomares de mamão em épocas diferentes também é adotada pelo produtor Edelzio Goes, que planta o fruto há quase 10 anos e, hoje, possui mais de 1.500 pés, divididos entre suas três lavouras. “Vale muito à pena, apesar de ser trabalhoso. Aparece muita doença, por isso, tem que ter muito cuidado para produzir”, afirma. Para o produtor, a qualidade vale mais que a quantidade na hora de precificar a produção. “Você pode plantar muito, mas se não cuidar direito, não tem qualidade. Do meu cultivo, vendo tudo para uma única pessoa. Às vezes, é um pouco difícil calcular a quantidade da produção. Recentemente, tirei mil caixas. Então, se for calcular como se tivesse 30kg cada, daria 30 toneladas, mas esse número também não é muito preciso”, detalha.

Por ter raiz curta e esparramada, é necessário fazer o controle da quantidade de água, para que o excesso não prejudique as plantas. A assistência dos técnicos agrícolas do perímetro Piauí orienta os produtores a fazer esse controle de disponibilidade hídrica, além do controle fitossanitário, prescrevendo tratamentos para pragas e doenças, como aponta Willian Domingos, técnico agrícola da Cohidro. “No primeiro passo, é feita uma análise do solo, em seguida, o coveamento. A análise do solo serve para compreender quais os tipos de adubo que poderão ser usados. Na produção do Josenaldo, por exemplo, foi utilizado o esterco bovino. Já o processo chamado de coveamento consiste no tamanho da escavação onde o mamoeiro irá se enraizar”, orienta.

O técnico agrícola afirma, também, que para o cultivo ter um bom desenvolvimento é necessário se atentar aos cuidados desde a sua germinação, preparando bem o solo. “Nas plantações dos dois irrigantes é usado o espaçamento entre plantas 2x2m e, entre linhas, 2,5m. Agora, eu recomendo 2,5×2,5m entre plantas e 3m entre as linhas. As covas têm 40x40cm de profundidade e largura”, conta Willian. No perímetro de Lagarto, a produção de mamão em 2018 foi de 151 toneladas, produzidas em uma área total de 2 hectares, à época. Em valores corrigidos pelo IGP-M, a produção rendeu aos irrigantes aproximadamente R$ 134 mil.

[vídeo] Irrigante dá lição de alta produtividade em pequeno espaço no Sergipe Rural

O Sergipe Rural, da Aperipê TV, foi até o Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, conhecer um pouco mais o agricultor Nilson Araújo que trabalha há 22 anos no seu próprio lote, completamente cultivado com verduras, legumes e frutas mantidas com a água de irrigação pública e sob a orientação técnica da Cohidro.
Ao utilizar técnicas como a fertirrigação e o sistema de gotejamento, o produtor consegue aproveitar 100% da sua área utilizada para plantio, garantindo assim, o sustento de sua família com a comercialização destes produtos. Confira o vídeo.

[perfil] Agricultor irrigante Nilson dá lição de alta produtividade em pequeno espaço

Dos restos e perdas da horta, produtor do Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, ainda mantém criação de 100 galinhas em parceria com o sogro

Nilson Araújo [Foto: Gabriel Freitas]
Agricultor do Perímetro Irrigado Piauí, Nilson Araújo trabalha há 22 anos no seu próprio lote, completamente cultivado com verduras, legumes e frutas mantidas com a água de irrigação pública e sob a orientação técnica da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe – Cohidro. Pelo aproveitamento de 100% de sua área e utilizando técnicas como a fertirrigação e o sistema de gotejamento, o produtor consegue o sustento de sua família – ele, esposa e dois filhos – com a comercialização destes produtos. Todos eles residem junto ao lote, no povoado Limoeiro, município de Lagarto, a 76 km da capital sergipana.

A rotina intensa de trabalho de Nilson vai de domingo a domingo: plantando, cultivando, colhendo e fazendo a entrega, ou recebendo os próprios compradores para colher os frutos na sua propriedade. “Hoje o que eu produzo, vendo direto para o comprador”, conta. A freguesia ele viu crescer após a inauguração do Mercado Municipal José Correa Sobrinho, entregue pelo governo do Estado à população de Lagarto em 2016. Hoje, a comercialização da sua produção é exclusiva para os varejistas do setor de hortifruti do mercado público. Tudo que não se tem aproveitamento na venda [cascas, folhas, caules, ramas e perdas da horta], o agricultor destina integralmente à criação de cerca de 100 galinhas caipiras, mantidas no lote do sogro.

Nilson possui 0,66 hectares de terra irrigada que, segundo ele, “tem de tudo um pouco: tomate, brócolis, berinjela, abobrinha, jiló, quiabo, pepino, mamão e macaxeira”. Para o agricultor, essa plantação variada foi uma aposta proveitosa, quando comparada aos investimentos que ele havia feito anteriormente. “Eu deixei de plantar o fumo porque não era rentável, então achei melhor plantar de tudo um pouquinho para aproveitar mais. Se eu fosse produzir só um plantio poderia tomar mais prejuízo”, justifica. Tirando a macaxeira, o produtor escolheu espécies vegetais que permitem o aproveitamento de uma mesma planta para executar diversas colheitas semanais e por um período contínuo, que pode chegar a três meses. Isso lhe garante uma propriedade onde praticamente todo dia tem algum produto para colher.

José Américo é o técnico agrícola da Cohidro que dá orientação no cultivo do lote de seu Nilson. “Eu acompanho Nilson há mais de 15 anos. Acompanho com recomendações técnicas e, quando ele precisa de mais alguma coisa, como um receituário agronômico para uso de defensivos agrícolas ou documentação relacionada ao perímetro irrigado”. O técnico conta que Nilson também já atuou como produtor fornecedor no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade ‘Doação Simultânea’. O agricultor e os demais sócios da Associação de Produtores Irrigantes do Perímetro Irrigado Piauí – Appip recebem da Conab pelos alimentos entregues para instituições como asilos, creches, hospitais ou que atendem pessoas em situação de insegurança alimentar.

“A Cohidro está de parabéns, pela orientação e ajuda. Sempre que a gente precisa eles (os técnicos) estão junto, auxiliando”, disse o agricultor, que passou a pagar a tarifa através da qual a Cohidro partilha com os irrigantes o custo com a energia elétrica usada no bombeamento. Nilson também não descuida e sempre busca se adaptar às novas tecnologias utilizadas no campo. Há quatro anos, a irrigação do seu lote é feita por sistema de mangueiras de gotejamento e, de acordo com ele, ficou ainda mais fácil e melhor para o cultivo das suas produções. “Já utilizei a irrigação de outras formas, mas a irrigação feita por cima, com aspersores, dá mais trabalho. Tenho ainda a fertirrigação, mas ela só é usada no quiabo”, concluiu.

Última atualização: 8 de julho de 2020 10:51.