Mardoqueu avalia 2014 como um ano de crescimento para Cohidro

Mardoqueu

A Companhia de Desenvolvimento e Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) completou 31 anos de existência em 2014 e na perspectiva do diretor-presidente, Mardoqueu Bodano, a Empresa termina o ano conquistando maior espaço no rol da produtividade agrícola do Estado e sendo mais atuante na perfuração e recuperação de poços artesianos.

“Neste ano de 2014 foi concluída a entrega das três novas perfuratrizes doadas pelo Ministério de Integração Nacional para a Cohidro. Equipamentos que estão em ativa”, disse. Ainda, segundo Mardoqueu, esse incremento no maquinário da Empresa já contribuiu com a perfuração de 71 novos poços, que se somaram aos 3.557 que a Companhia fez durante seus 31 anos de existência, em 72 municípios sergipanos.

Mardoqueu acrescenta à lista os 25 novos poços que foram perfurados para os sistemas de armazenamento e distribuição de água, propiciados pelo “Programa Água Para Todos”. “Além de orientar as locações e fiscalizar as obras, fomos nós que fizemos o levantamento socioeconômico das 107 comunidades que serão atendidas pelo projeto em Sergipe, levando água para quase cinco mil famílias, em 28 municípios sergipanos”, revelou.

Agricultura
Na agricultura, o presidente da Cohidro comemora pois, mais uma vez, a produção foi recorde nos seis perímetros irrigados da Companhia. Foram 115.340 toneladas de produtos agrícolas colhidos em 2014, gerando de renda, para a agricultura familiar, R$ 107 milhões. Mesmo que todos os pólos de irrigação da Empresa tenham apresentado resultados superiores ao ano anterior, é ainda o Perímetro Califórnia que mais chama atenção com suas produções de quiabo, goiaba e macaxeira.

“O Perímetro Califórnia, em Canindé, continua sendo o que mais produz: 38.825 toneladas de alimentos, sempre se destacando o quiabo, 15.600 toneladas, a goiaba, 9.625 toneladas e a macaxeira, 6.490 toneladas”, concluiu Mardoqueu, que acredita na ampliação destes números com o advento do Proinveste.

Proinveste
Canindé, Lagarto e Tobias Barreto estão recebendo obras, por meio do Proinveste, que aperfeiçoarão a estrutura de fornecimento de água para irrigação de produtos agrícolas. “Foram R$ 11 milhões deste programa injetados na Cohidro, quatro milhões só em Canindé, reformando e recuperando os canais e estações de bombeamento para irrigação, solucionando de vez o velho problema do canal C-01, que expunha a água do Califórnia à poluição urbana da cidade que acabou por povoar às margens do curso d’água”, enfatiza o presidente.

PAA – Frutos da Terra
Mardoqueu lembra que 2014 foi também um ano feliz para o Programa de Aquisição de Alimentos Frutos da Terra (PAA – Frutos da Terra), que alcançou o patamar de duas mil toneladas de alimentos comercializados junto à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Beneficiamos, por um lado, 79.471 pessoas carentes e de outro, 934 irrigantes nos perímetros irrigados Piauí, Jacarecica II e Ribeira”, acrescenta.

Com uma visão positiva de 2015 e dos projetos realizados pela Cohidro, Mardoqueu acredita que a entrada dos irrigantes do Perímetro Califórnia no PAA ,trará a participação ainda mais expressiva de agricultores atendidos pela Companhia. “A produção tem a tendência de só aumentar a cada ano, graças ao aperfeiçoamento das técnicas e canais que os agricultores têm acesso por meio da Empresa”, conclui.

Barragens
Mardoqueu Bodano diz que a meta do Programa de Recuperação de Barragens, iniciado em setembro, é a de superar as edições dos dois anos anteriores. “Agora a intenção é reformar mais barragens do que em 2012 e 2013, onde foram 510 e 517, respectivamente. Em todo Estado serão 710 barragens, sendo 10 delas comunitárias, maiores. Serão investidos pelo Governo de Sergipe, ao todo, R$ 1.890.492,53. São as políticas públicas oferecendo aos pequenos criadores, como alternativa ao êxodo rural, a opção de ficar em suas localidades de origem produzindo e tirando de sua terra o sustento da família”, reforçou.

Convênio Petrobras
Ele fala ainda dos convênios firmados com empresas parceiras, que vem para reforçar o empenho da Companhia em iniciativas desenvolvidas com recursos próprios. “Estamos recuperando antigos poços em 11 municípios sergipanos e devolvendo o abastecimento de água para 10.150 pessoas. Em Porto da Folha, já foram entregues os poços dos povoados Pedro Leão, Bela Aurora e Assentamento Paulo Freire. Em Canindé, também está pronta a recuperação do poço do Assentamento Baixa Verde. No início de 2015 serão inaugurados todos os 16 poços que Petrobras custeou os serviços, com o montante de R$ 402.111,38”, explica o presidente da Cohidro.

Cohidro e Conab querem levar o ‘PAA – Frutos da Terra’ aos irrigantes de Canindé

Reunião

Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) se reuniram, nesta terça-feira, 21, com irrigantes do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé do São Francisco. A intenção foi apresentar a estes produtores agrícolas os programas federais, administrados pela Estatal Federal, voltados à aquisição de alimentos da agricultura familiar e que tem no Estado a Empresa Sergipana como colaboradora e parceira na formalização de projetos de garantia de comercialização da produção.

Desde 2008, só nos projetos implantados por intermédio da Cohidro, os agricultores dos seus perímetros irrigados Piauí, Jacarecica II e Ribeira venderam para Conab mais de 2 mil toneladas de alimentos, gerando R$ 3,8 milhões em renda para estes produtores. Um montante de R$ 1 milhão está sendo comercializado somente em 2014, pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) – Frutos da Terra, no método de “Doação Simultânea”, onde a Estatal Federal adquire esses alimentos para serem encaminhados a instituições que beneficiam populações em situação de insegurança alimentar. Nisso, estes projetos acompanhados pelo Governo de Sergipe já beneficiaram 79.471 pessoas carentes, com a comida produzida por 934 dos seus irrigantes.

Conforme listou o superintendente da Conab em Sergipe, Emanuel Carneiro, o PAA – Frutos da Terra dispõe de mais métodos de compra da produção rural além da “Doação Simultânea”. “A Conab também faz a compra direta de milho, feijão, farinha de mandioca e outros não-perecíveis. Alimentos que posteriormente ou são doados em cestas básicas ou para venda em balcão para fabricar a ração animal. Ainda há a ‘Formação de Estoque’, onde a Conab paga pela produção do agricultor no momento de plantar, que em um ano devolve este valor com acréscimo de 3% de juros”, informou ele, ao explicar aos irrigantes que a Companhia Federal pode contribuir com a comercialização de suas produções por meio dessas modalidades.

Doação Simultânea

Diretor de Irrigação da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto explica que os projetos de “Doação Simultânea” são celebrados por duas classes de entidades, onde a Conab entra como financiadora e a Cohidro presta o serviço de assistência técnica na elaboração e acompanhamento aos agricultores assistidos dos perímetros irrigados. “Para cada contrato, há a entidade proponente, a associação ou cooperativa de produtores rurais que propõem o projeto, do outro lado há as entidades filantrópicas receptoras, que vão informar a quantidade de pessoas que serão atendidas pelas doações, tanto para o preparo de refeições diárias, quanto para distribuição às famílias que a entidade atende”, revelou.

Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, reconhece que são muitos os esforços realizados pela Companhia para favorecer a produtividade e recompensação do trabalho dos irrigantes. “Nos perímetros irrigados são várias as ações que superam o simples fornecimento de água para irrigação e para isso optamos por parcerias como esta com a Conab. Cumprindo nosso papel, procuramos detectar tanto os produtores que se encontram aptos para fornecer o alimento durante os 12 meses de vigência dos projetos, como também as associações de produtores regularizadas para participar do PAA. Por outro lado, é preocupação vigente nossa e das comissões de segurança alimentar, atender entidades receptoras que realmente vão levar este alimento até a quem necessite”, completou.

Orgânicos

Tanto no PAA como no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o produto agrícola produzido de forma orgânica é adquirido por valor 30% superior ao similar produzido por método convencional. A presidente da Associação Sergipana de Orgânicos (BIO5), Marli Soares dos Santos Pereira, está a frente da entidade criada no Califórnia, mas que pelos esforços demonstrados neste primeiro ano de fundação, já proporcionou aos seus seis integrantes iniciais cadastro de uma Organização de Controle Social (OCS) junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Um documento que lhes atestam vender, inclusive pela Conab, com a autenticidade de alimentos livres do uso de agrotóxicos. Para a também, poder participar destes programas federais trará mais incentivo à agroecologia no Perímetro.

“Encontramos mais dificuldade do quem produz os convencionais, principalmente no inverno em que a chuva e o frio faz perder muitos produtos, por isso o nosso custo é maior. Mas quando chega na feira, nem todo cliente sabe valorizar o orgânico, não está disposto a pagar mais caro por um produto de maior qualidade, ainda mais se ele for de tamanho menor. Temos condição de produzir verduras semanalmente, mas ainda plantamos pouco por termos um mercado pequeno, que só atende a feira de Canindé. Se a Conab puder comprar da gente por estes programas, garantindo a valorização por ser orgânico, vai ser um ótimo incentivo para a gente”, colocou Marli Soares.

Já para Quitéria da Silva Araújo, outra irrigante orgânica da BIO5, o que mais pesa é não poder atender outros mercados consumidores pela dificuldade geográfica de Canindé, 207 quilômetros distante da capital de Sergipe, Aracaju. “Só vendo na feira aqui, não tenho condição financeira para levar para fora da cidade. Produzo quiabo, pimentão, alface, coentro e outras verduras, sem usar agrotóxicos. Se tivermos esta ajuda de uma venda garantida toda semana vai melhorar muito”, considerou.

Gerente do Perímetro Califórnia, Edmilson Cordeiro Bezerra, esclarece que a Cohidro vem buscando meios de garantir que seja mais bem valorizada a produção dos irrigantes. “Já tem a iniciativa garantida pela Prefeitura de Canindé para incluir parte da feira como exclusiva dos orgânicos como incentivo à comercialização diferenciada para estes produtos. O PAA será uma alternativa para o agricultor, não só para o orgânico, como para quem produz de maneira convencional. O produtor assim não fica refém do preço estipulado pelo atravessador, podendo negociar um melhor preço, já que tem a venda garantida para a Conab de parte de sua produção e por preços de mercado”, reforçou.

Novas reuniões

O Chefe da Divisão de Agronegócios da Cohidro, Sandro Luiz Prata, explica os próximos passos a serem tomados para a inserção do PAA em Canindé. “Depois de ouvir as necessidades dos agricultores familiares, ficou definido que será marcada uma outra reunião, como uma quantidade maior de produtores – tanto convencionais como orgânicos – e também nesta teremos a participação do Conselho Regional de Segurança Alimentar, Centro Referência de Assistência Social (CRAS), Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) – para discutir emissão da DAP jurídica – e representantes de outras associações e cooperativas. O objetivo para o próximo encontro é de já iniciar a formalização primeiro projeto de ‘Doação Simultânea’ do Califórnia”, concluiu ele que, junto do engenheiro agrônomo José Claudegio Messias, coordenam as ações do PAA na Empresa Sergipana.

Irrigantes da Cohidro são autorizados à venda de orgânicos em Canindé

Quinta-feira de mais uma conquista para a Associação Sergipana de Orgânicos – BIO5. Nestes 28 de agosto, na Secretaria Municipal de Agricultura de Canindé de São Francisco, seis agricultores irrigantes alocados no Perímetro Irrigado Califórnia – da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) -receberam do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a “Declaração de Cadastro”, que os autoriza à venda direta de produtos orgânicos. Participaram da solenidade, diretores da Cohidro, Mapa, Secretária de Agricultura e o prefeito Heleno Silva.

Agora eles fazem parte de uma Organização de Controle Social (OCS), entidade que também adquiriu certificado de registro junto ao Mapa na ocasião. Com o documento individual, a ser apresentado no ponto de venda, esses produtores orgânicos tem seus produtos autenticados como sendo de origem agroecológica, cultivados sem o uso de agrotóxicos e sob o controle de pragas e doenças usando técnicas alternativas e sustentáveis à vida no campo e com o meio ambiente.

Os agricultores e as pessoas de seu grupo familiar poderão comercializar em feiras, em suas propriedades, de porta em porta e ainda poderão participar do regime especial -para produtos orgânicos – nos Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) – Frutos da Terra, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e também para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), onde tem acréscimo de 30% sobre o preço do produto convencional. Para o chefe da Divisão de Política e Desenvolvimento Agropecuário do Mapa, André Barretto Pereira, alguns fatores foram essenciais para possibilitar que a BIO5 fosse aceita como uma OCS.

“Eles terem uma assistência técnica avaliza a produção orgânica.Também tem o fato de estarem organizados em uma associação ea regra para esta associação é ter um estatuto, constatado pelo Mapa, um plano de manejo orgânico e todos teremo cadastro de produtor familiar, que é a DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf)”, relata André Barretto, considerando como critério o amparo dado pela Cohidro à BIO5, que tanto motivou sua fundação, como prestou o auxílio tecnológico para possibilitar a conversão das produções para o método agroecológico.

Sônia Loureiro, gerente de Desenvolvimento Agropecuário da Cohidro, declarou que “foi em Canindé a primeira semente plantada por nós quanto à produção orgânica, isso antes de existir OCS. Lagarto, merecidamente, se destacou entre os perímetros da Cohidro neste quesito, mas foi aqui, anos atrás, que tudo começou e agora se qualificam, tem o trabalho reconhecido e estão preparados para comercializar seus produtos orgânicos”, revelou, garantindo às autoridades presentes, que as medidas de controle agroecológico foram tomadas pelos agricultores que assiste. “Todos tem sua barreira de proteção natural implantada, já que vão conviver com a realidade dos produtores vizinhos, de produção convencional e usando agrotóxicos”, informa.

Presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, parabeniza os produtores pela conquista, confiante no crescimento do movimento agroecológico em Canindé. “Tenho conhecimento que a Associação BIO5 começou, como o nome diz, com cinco produtores, hoje já somam 10 e tem mais irrigantes querendo participar. Seis destes estavam preparados para receber este documento do Mapa que os garante a venda como orgânicos. Logo, logo mais pessoas verão vantagem em produzir sem o uso de agrotóxicos, que é o mais correto quando estamos falando da agricultura familiar onde, quase sempre, são lavouras associadas às moradias”.

Pioneira agricultura, que utiliza métodos agroecológicos para produzir hortaliças em Canindé, é Maria Aparecida Nascimento Santana, mais conhecida como Cida. Ela foi um dos produtores que receberam o certificado de cadastro de inclusão à OCS. Para ela, o documento vem por atestar definitivamente o trabalho que já vinha fazendo. “Eu já tinha aqueles clientes que nos conhecem e sabem que o produto é natural, mas agora o povo vai confiar mais na gente mesmo sem precisar ir ver como a gente trabalha. Produzir sem agrotóxico é mais difícil, a gente tem muita perda e por isso o preço também tem que ser diferente”, argumenta.

Marli Soares dos Santos Pereira, escolhida pelo grupo para ser a primeira presidente da recém-criada BIO5, reforça a questão do valor agregado que ganhará seus produtos orgânicos com o documento que ela também recebeu. “Pretendo conseguir uma renda melhor, um preço mais justo, pois não compensa produzir como orgânico e vender como convencional. Agora a gente vai ter como dizer para quem compra que é orgânico, pois só a palavra não convence.Com o certificado isso é diferente”, comentou a agricultura que hoje produz agroecologicamente hortaliças e frutas, mas que pretende implantar, assim como os outros produtores da Associação, a criação de galinhas caipiras orgânicas.

Técnico agrícola da Cohidro, Tito Reis foi o principal motivador para a criação da BIO5 e este reconhecimento documentado pelo Mapa.Na cerimônia ele falou da importância e mérito que tem a agricultura para o País. “O povo de outros países do mundo tem líderes políticos, militares para se espelhar. No Brasil, temos que nos espelhar no trabalho daqueles que contribuem para essa produção agrícola prosperar, me refiro aqui a esses produtores orgânicos, agora certificados, e nos colegas que trabalham comigo na Cohidro”, relatou.

Espaço para comercialização

Secretário de Agricultura de Canindé, Heráclito Oliveira, considera uma conquista não só para os produtores, mas para o agronegócio de Canindé e disse que pretende interferir, através de sua Pasta, para auxiliar os produtores orgânicos. “Começa aqui uma nova era para agricultura do município, uma iniciativa que vai por no mercado produtos de maior qualidade. Nossas ações de apoio serão a introdução da feira de orgânicos e a comercialização pelo PAA”, comentou, citando o Programa da Conab que a partir de suas novas resoluções, dependerá de uma atuação muito maior das administrações municipais.

Heleno Silva, prefeito de Canindé, reforça este compromisso e até anuncia novos espaços para a comercialização dos produtos orgânicos. “É muito importante este trabalho que a Cohidro vem desenvolvendo em nosso município, sobre a valorização dos produtos orgânicos. Nós vamos criar um espaço na feira livre, só para este pessoal apresentar seus produtos e também em uma área que vamos criar aqui de artesanato, de doces, voltada para os turistas. Esta iniciativa é muito importante, por parte da Cohidro, do Governo do Estado, que tem como objetivo principal a saúde pública e a gente quer parabenizar por este trabalho”.

Comissão de Orgânicos e Seides visitam perímetro da Cohidro em Lagarto

Comitiva de técnicos visita o Perímetro Irrigado Piauí da Cohidro – Foto: Felipe Coringa

Membros da Comissão de Produção Orgânica de Sergipe ( CPOrg-SE) fizeram mais uma visita aos pólos de irrigação da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). A intenção é de acompanhar o andamento das associações e agricultores que aderiram aos métodos de produção de alimentos livres de agrotóxicos. Nesta terça-feira, 10, foi a vez do Perímetro Irrigado Piauí, no município de Lagarto, onde a atividade agroecológica acontece desde o ano 2000.

A Secretaria de Estado da Inclusão Social (Seides) tem participado destas visitas. Com intuito de cadastrar novos agricultores orgânicos para integrar as “Feiras da Agricultura Familiar”, a Seides organiza duas novas edições nas quais pretende lançar exclusivamente com produtos orgânicos, e em Convênio com a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA). Nesta visita, também estiveram presentes representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural de Lagarto (Semader), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS).

A Organização de Controle Social do Centro Sul Sergipano (OCS-CSS) foi criada em 2010 e atualmente conta com 18 membros. A associação de produtores orgânicos do Perímetro Piauí existe desde 2008 e é constituída por 10 dos produtores da OCS-CSS, mas alguns deles já produzem sem o uso de agrotóxicos há 14 anos. Eles possuem certificado de cadastro junto ao Mapa, que os permite a venda direta do produto orgânico através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O atual coordenador da CPOrg-SE e chefe da Divisão de Política e Desenvolvimento Agropecuário do Mapa, André Barretto Pereira, após a visita que fez a sete lotes orgânicos do Piauí, explicou a intenção desta ida a Lagarto. “A gente está fazendo este trabalho de resgate e fortalecimento das OCS’s em todo Estado e estamos levando o máximo de parceiros nestas visitas, a exemplo da Seides, IFS, secretarias municipais e a própria Cohidro, porque, conhecendo de perto essas unidades produtivas, poderemos ajudar ainda mais a esses agricultores, tanto na produção com qualidade, como na comercialização, bem como nos trabalhos de conscientização da importância do consumo do alimento orgânico para os consumidores em geral”, disse.

André Barretto avaliou como positiva a produção dos orgânicos do Perímetro Piauí, “ mas acredito que esses agricultores devem trabalhar de forma mais organizada e coletiva, como tem que acontecer em uma OCS”, completa. Em relação ao Estado, comentou também que já são 19 OCS em Sergipe e mais duas estão em fase final de aprovação. Uma delas é a do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, onde os irrigantes da Cohidro, que criaram a Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5), receberam a mesma visita da CPOrg-SE no último dia 20 de maio. Ele adiantou que até o final do mês de julho, estes agricultores agroecológicos do Alto-Sertão receberão seus certificados os autorizando à comercialização de orgânicos.

Outro membro da CPOrg-SE presente na visita foi a professora doutora Eliane Dalmora, do IFS. A bióloga, além de atuar na fiscalização e regulamentação dos produtores orgânicos no Estado, também coordena um projeto de pesquisa acadêmica que envolve os irrigantes do Perímetro Piauí, o “Sementes da Terra”. “Pertenço à Comissão, mas temos um trabalho de preservação das sementes crioulas com os integrantes da OCS de Lagarto, focado, dentre outras variedades, na horticultura. Nesse projeto introduzimos algumas práticas de manejo orgânico, que os auxiliam a produzirem melhor”, conta.

Na Organização de Controle Social, como o nome já diz, os próprios produtores têm a obrigação de refletir sobre os modos de produção, e por isso, visitas às áreas dos demais componentes do grupo são estratégicas para troca de experiências, em que um pode corrigir os erros do outro”, explica o técnico agrícola da Cohidro alocado no Perímetro Piauí, José Raimundo Pereira de Matos. “Se um componente do grupo não estiver cumprindo as normas da produção orgânica, ele terá que ser notificado pela própria OCS para que num momento posterior seja eliminado desse grupo”, revelou ele que é o responsável pelo acompanhamento e registro dos orgânicos em Lagarto.

A gerente de Desenvolvimento Agropecuário da Cohidro, Sônia Loureiro, é membro representante da Companhia na CPOrg-SE. Ela é uma das principais responsáveis pela viabilização da produção orgânica no Perímetro Irrigado Piauí e pela formação da OCS-CSS. Para ela, esta visita técnica à Lagarto veio em boa hora, pois o grupo estava precisando de um estímulo, já que esta “autofiscalização” na OCS-CSS, não estava acontecendo da forma ideal como se pretendia.

“Estamos fazendo estas visitas para ver de perto, quem está disposto a continuar trabalhando de forma coletiva e assim poder avaliar, quem tem realmente interesse em continuar participando da OCS. Tenho certeza que, se pelo menos uma vez ao ano as OCS’s forem visitadas pela CPOrg-Se, os agricultores ficarão bem mais confiantes da importância e da força que eles têm e se sentirão estimulados a continuar melhorando ainda mais, pois hoje alguns já têm consciência dos riscos da agricultura convencional e das vantagens da produção orgânica”, elucidou a agrônoma Sônia Loureiro.

Quem não quer sair da OCS e garante a autenticidade dos seus produtos orgânicos é o irrigante pela Cohidro João Pacheco, um dos visitados pela CPOrg-SE. “Quem trabalha errado, não fica no mercado. Quem oferece na feira um produto orgânico sem ser, logo é descoberto. Eu não vejo problema em virem visitar minha horta, porque sei que estou trabalhando correto”, estabelece o produtor agroecológico que desde o ano 2000, é referência em Lagarto, tanto que recebe vários outros agricultores interessados na produção livre de agrotóxicos para conhecer sua plantação, a exemplo do Bio5 de Canindé.

Mardoqueu Bodano, Presidente da Cohidro, relaciona o aumento do número de irrigantes orgânicos a mudança no comportamento da sociedade nos dias de hoje. “O produtor está consciente dos riscos que corre quando usa defensivos químicos e quando falamos de pequenas plantações, é inviável aderir às tecnologias nas quais máquinas fazem a aplicação do agrotóxico e livram o agricultor do contato direto. Por isso a agroecologia é a prática ideal para a agricultura familiar. Por outro lado, o consumidor é cada vez mais conhecedor dos benefícios que a alimentação saudável lhe traz. Por isso tem-se consumido mais frutas, legumes, verduras, porque esse consumidor já sabe que vai encontrar muito mais qualidade quando estes alimentos são orgânicos”, comenta.

Feiras orgânicas
Depois de ter ido ao Perímetro Califórnia em Canindé avaliar o trabalho dos irrigantes do Bio5 e também ter visitado assentamentos rurais onde há produção orgânica em Umbauba, Estância e Itaporanga d’Ajuda, o Técnico do Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional (Dsan) da Seides e coordenador estadual do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA-Frutos da Terra), Lucas Aroaldo Dantas Cavalcante, teve a oportunidade de conhecer os agricultores orgânicos da OCS-CSS.

“Nossa Feira da Agricultura Familiar em Aracaju é de base agroecológica, mas em dois novos locais que vamos implantar, serão feiras restritas só a fornecedores orgânicos e para tal, precisamos de mais produtores catalogados. Agora, fechando o ciclo de visitas, vamos finalizar o relatório e determinar quais grupos de agricultores está capacitado para fornecer os produtos orgânicos. A PMA cedeu os espaços físicos no Parque Augusto Franco (Sementeira) e no pátio do Museu do Mangue, localizado no Bairro Coroa do Meio e a Seides entra com a estrutura e os comerciantes orgânicos”, explicou o agrônomo Lucas Aroaldo.

Produtor orgânico do Piauí e que já comercializa na Feira da Agricultura Familiar em Aracaju, é Delfino Batista. Ele conta que a criação desta feira exclusiva, para produtores orgânicos certificados, é uma reinvindicação antiga do seu grupo e agora vê com ânimo a parceria entre PMA e a Secretaria. “A intenção é boa e já tínhamos conversado com a Seides sobre isso. Garanto a procedência dos meus produtos orgânicos e não tenho nada para esconder. Recebo sempre os repórteres para mostrar a minha produção, pois sei que estou seguindo as recomendações para continuar dentro da OCS e vender em uma feira só de orgânicos”, avalia ele que também vende quinzenalmente no pátio da Cohidro, na capital e atua em mais 3 feiras em Lagarto.

Outra feira orgânica que tem pretensão de voltar a acontecer será a realizada pela Prefeitura de Lagarto. O diretor de Desenvolvimento Rural da Semader, Adelino Barbosa, acompanhou a visita da CPOrg-SE e comenta o interesse da Administração Municipal no cultivo agroecológico. “Queremos, em parceria com a Cohidro, reativar a feira orgânica de Lagarto. Além disso, temos um projeto de manter hortas comunitárias nas escolas da rede municipal”, disse, explicando que a intenção é a de reforçar a merenda escolar nas unidades de ensino e também criar hábitos alimentares saudáveis nos estudantes, aliados a conscientização da ecologia na agricultura.

Última atualização: 6 de maio de 2021 18:10.