Cohidro participa da III Semana de Agropecuária

Estudantes

De 20 a 24 de outubro ocorreu a III Semana de Agropecuária, organizada pelo Instituto Federal de Sergipe (IFS) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Sergipe (Senar-SE). Voltada a estudantes de nível técnico, superior e também produtores rurais, ocorreram debates, palestras, cursos e minicursos no Campus São Cristóvão da Instituição de Ensino e também em dias de campo. Um deles ocorreu no Perímetro Irrigado da Ribeira, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Itabaiana, com o tema “Eficiência do Uso da Água na Agricultura”, ministrado pelo engenheiro agrônomo e mestre em Irrigação e Drenagem da Empresa, Luiz Gonzaga Luna Reis, na quarta-feira, 22.

Outro minicurso foi oferecido pelo gerente do Perímetro Irrigado Jabiberi de Tobias Barreto, José Reis Coelho, também na quarta-feira. No Campus São Cristóvão do IFS o técnico agrícola da Cohidro pode demonstrar o avanço que o “Programa Balde Cheio” promoveu na pecuária leiteira na Unidade da Empresa que ele coordena. “O Programa iniciou sua operação em 2010 e logo no primeiro ano dobrou a produção de leite dos pecuaristas. Hoje, dos 1.080 litros tirados na época, passou para cerca de 2,5 mil por dia”, expõe, informando que além da produtividade, o sistema também instituiu novos hábitos que trouxeram economia de energia elétrica aos pequenos pecuaristas.

“A irrigação do pasto só é realizada à noite, período que a taxa de energia é mais barata e também pelo fato de o gado alimentar-se principalmente nesse horário”, informa Coelho. Antes os produtores pagavam mais de R$ 180 reais de energia, usando de forma errada, hoje a média é de R$ 40 reais mensais. A maioria deles adquiriu matrizes leiteiras através de projetos financiados pelo Banco do Brasil e Banco do Nordeste no início do “Balde Cheio”, “hoje há pecuarista que conta com banco de sêmen para inseminação artificial e ordenha mecânica, buscando ter qualidade de leite para poder revender seu produto a grandes empresas”, completou o gerente da Cohidro.

Segundo João Quintiliano da Fonseca Neto, diretor de Irrigação da Cohidro, o “Balde Cheio” se tornou possível a partir dos investimentos do Governo do Estado no Jabiberi em 2010. “O Perímetro Irrigado recebeu investimentos estaduais na ordem de R$ 2,5 milhões para recuperação dos canais de irrigação, mudança de todo o sistema de irrigação para aspersão fixa e implantação de rede elétrica, o que estimulou o aumento da produção leiteira. Agora, através do Proinveste, com recursos na ordem de R$ 1.276.615 só para o Perímetro de Tobias Barreto, finalizaremos as obras estruturantes como também vamos possibilitar a automação da irrigação”, declarou.

Perímetro Irrigado da Ribeira

A visita feita ao Perímetro da Ribeira foi a segunda parte do minicurso sobre irrigação do agrônomo da Cohidro, iniciado com a parte teórica no dia anterior, 21, no Campus São Cristóvão. Na quarta-feira, 22, os participantes, alunos dos 1º e 2º anos do Curso Técnico de Agropecuária do IFS, conheceram primeiramente a Estação de Bombeamento 2 (EB-02). “Esta estação serve para pressurizar a água, captada na barragem do Poção da Ribeira pela EB-01 e enviar até os lotes dos produtores irrigantes com pressão suficiente para irrigar todos os 466 lotes atendidos aqui, em povoados de Itabaiana e Areia Branca”, informou Luiz Gonzaga.

A instalação da Cohidro foi reformada pela atual Gestão Estadual em 2011, o que regularizou o fornecimento de água para agricultores que antes não tinham acesso à irrigação. Foram investidos R$ 550 mil na recuperação da EB-2, R$ 450 mil foram utilizados na reforma da casa de bombas e outros R$ 100 mil na compra de máquinas e equipamentos, entre eles uma nova motobomba.

O presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, ressalta ter sido esta a maior obra realizada, até agora, nesta unidade da Empresa desde sua fundação há 27 anos. “O perímetro da Ribeira é um dos grandes empregadores da região. Cerca de 932 agricultores familiares tiram o sustento dessas terras. O que se produz aqui gera aproximadamente 10 mil empregos diretos e indiretos. Mas os problemas na Ribeira eram antigos, e desde que assumi a Cohidro recebia pedidos dos agricultores para melhorias neste local. Fizemos o maior investimento no Perímetro em quase três décadas de existência. Hoje digo que a luta desses trabalhadores não foi em vão”, destacou.

Irrigação localizada

A visita guiada do minicurso seguiu então até o lote irrigado de Maria Augusta Dias, que planta no Perímetro coentro, batata-doce, alface e quiabo. A intenção do agrônomo Luiz Gonzaga era mostrar como funciona a irrigação localizada por microaspersão, instalada no local. “Já usei a aspersão convencional, a mangueira perfurada e agora a microaspersão e está sendo a melhor, ela molha bem a planta mesmo sendo mais econômica”, informou a agricultora.

“Quero mostrar a microaspersão para ensinar a vantagem técnica do uso deste sistema de irrigação, visando a economia de água, por não desperdiçar como nos aspersores comuns, mas também de eletricidade, já que se encaixa bem em sistemas de irrigação automatizados”, explica o agrônomo Luiz Gonzaga, que no campo também fez testes de pressurização e vazão da água disponível no lote visitado, como forma de ilustrar aos alunos como a água chega até às plantações.

A estudante do 2º ano do Técnico em Agropecuária, Diane Micaele Assunção Santos, de 16 anos, ficou satisfeita com a visita proposta pelo minicurso que participou, pelo fato de ser útil, ao seu aprendizado, conhecer sobre os métodos mais utilizados para plantar usando a irrigação. “Gostei porque aprendi muito sobre a irrigação, para quando a gente for introduzir uma nova cultura, a gente tem que saber como irrigar se for necessário”, afirmou.

Embora não conhecesse o trabalho realizado pela Cohidro nos perímetros irrigados, Jailson de Souza Dias, aluno de 17 anos do 1º ano de Agropecuária, também gostou de conhecer a Ribeira. “To achando bom, pode ser bom para meu futuro profissional, quando eu for atuar como técnico em agropecuária”, explicou o estudante do IFS.

O engenheiro agrônomo e mestre em Agroecosistemas, Anderson Nascimento do Vasco, é professor do IFS e foi um dos coordenadores da III Semana de Agropecuária. Ele explica o porquê de ter escolhido a Cohidro para participar do evento. “Introduzimos este minicurso à nossa programação, em primeiro lugar, na intenção de trazer os produtores para conhecerem os diferentes métodos de irrigação e em segundo está a importância de também capacitar os alunos do curso técnico de agropecuária”, revelou, informando que a procura pelas atividades do Encontro ocorreram além do esperado.

Automação da irrigação

A visita ainda serviu para o agrônomo Luiz Gonzaga explicar para os participantes do minicurso como funcionará o sistema de automação à ser instalado tanto na Ribeira como no Perímetro Jacarecica I, também em Itabaiana. “Todos equipamentos dos irrigantes vão ser substituídos por novos, sem custos e será instituído um sistema automatizado que vai prover a irrigação em todos os lotes das 19 às 6 horas, período tarifário reduzido de eletricidade, trazendo economia. Além disso, cada lote vai receber válvulas que vão regular a vazão, que impedem que o irrigante irrigue o lote todo de uma só vez. Esse consumo exagerado acaba por prejudicar os outros irrigantes mais distantes da EB, que ficam sem acesso à água nessas situações”, explicou.

“Todo sistema será integrado às EB’s, que irão também diminuir automaticamente a vazão de bombeamento de todo sistema, conforme for cessando o uso da água em culturas que necessitam de menos água, evitando a necessidade da constante interferência humana para não haver acumulo de pressão nas adutoras, capaz de até romper as tubulações”, complementou Luiz Gonzaga, sobre o “Projeto Águas de Sergipe” do Governo do Estado. A iniciativa vai injetar, nos perímetros da Ribeira, Jacarecica I e II, R$8 milhões de empréstimo junto ao Banco Mundial, para implantação do novo sistema de irrigação automatizado, atendendo às normas de aproveitamento eficaz da água, minimizando o impacto ambiental provocado pela agricultura na bacia do Rio Sergipe.

Última atualização: 6 de maio de 2021 19:03.