Estudantes agrotécnicos fazem aula prática em perímetro da Cohidro no Sertão

Grupo de estudantes aprendem com explicações e nas práticas – Fotos: Ascom/Cohidro

Desafio de fazer horticultura orgânica no semiárido sergipano, abraçado pelos agricultores da Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5), chamou atenção de alunos e professores do Curso Técnico em Agropecuária do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro, de Poço Redondo. Segunda e terça-feira, 16 e 17, respectivamente o primeiro e o segundo anos do curso visitaram o Perímetro Irrigado Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Canindé de São Francisco e onde a irrigação pública estadual dá suporte ao projeto agroecológico.

Atualmente os irrigantes associados à Bio5 cultivam, de forma coletiva, um espaço cedido pela Cohidro anexo ao escritório do Perímetro Califórnia. Nessa área de terra estão sendo desenvolvidas atividades que vão desde a experimentação de métodos alternativos de controle de pragas e produção biofertilizantes, até a aplicação de cursos. Os alimentos resultantes deste campo estão sendo comercializados por esses agricultores na feira de Canindé e no próprio local, onde o freguês pode colher o próprio alimento, tudo livre de qualquer agrotóxico.

Foi nessa área que o Técnico em Agropecuária da Cohidro Tito Reis, recebeu as duas turmas de estudantes. “No primeiro dia foi mais uma explicação, para o primeiro ano, do que acontece aqui. Já o segundo ano teve que praticar na horta, com a colaboração dos técnicos colegas, dividi a turma de 28 alunos em atividades diferentes. Com Beto (Roberto Ramos) construíram um sistema de irrigação por microaspersão, Joaquim (Ribeiro) coordenou o transplante de mudas de alface e coentro para os canteiros. Já meu grupo confeccionou bioinseticida que foi aplicado nas culturas”, relatou o servidor que assiste todos os orgânicos do Califórnia.

Os estudantes agrotécnicos puderam conhecer quais os insumos usados para garantir que a produção seja orgânica, a forma de trabalho e as dificuldades que eles vão encontrar para garantir que a planta produza. Emerson Matos Santos, 16, do primeiro ano do curso, foi um deles. “Legal conhecer de perto, foi boa a atividade. O bom é que aqui tudo é orgânico”. Com a explicação dada, o aluno do curso técnico logo pode perceber qual é a maior dificuldade existente no cultivo sem o uso agrotóxico. “Só é ruim as doenças, que no modo convencional podem ser combatidas facilmente, no orgânico é bem mais difícil”, concluiu.

José Carlos Felizola Filho, presidente na Cohidro, argumenta que quanto mais cresce a experiência dos orgânicos, nos perímetros irrigados, menor é a dificuldade de superar as pragas que atrapalham os cultivos. “Sei que, testando e experimentando as receitas difundidas pelos nossos técnicos, é que eles vão encontrar a melhor forma de superar essa falta que faz os inseticidas industrializados. Resultados que vêm a médio e longo prazo, mas o benefício é imediato: agricultores e famílias mais saudáveis, meio ambiente protegido e alimentos que só nos fazem bem. Por isso, prefira os orgânicos! Valorize o trabalho dessa gente dedicada em melhorar a qualidade de nossa comida”, conclamou.

Antes de ir ao campo, os quatro técnicos agrícolas do Califórnia fizeram breve relato de como é a profissão que os estudantes escolheram seguir. “O grande gargalo da produção agrícola hoje é a comercialização, mas semana passada nós entregamos na Conab o primeiro projeto ao PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) do grupo de 24 produtores que vão fornecer 16 tipos de alimentos por um ano, à preço fixo e tabelado, tudo repassando ao Cras de Canindé. Resultado do trabalho iniciado pelos técnicos há um ano, na seleção e preparação desses agricultores”, demonstrou Edmilson Cordeiro, Gerente do perímetro irrigado.

O Dom José Brandão de Castro
Localizado no Assentamento Queimada Grande, em Poço Redondo, o Centro Estadual de Educação seleciona, todo ano, 175 novos educandos entre as turmas de Agropecuária e Agroindústria. 90% das vagas são destinadas para os filhos de assentados, acampados, agricultores familiares, posseiros, indígenas, quilombolas e ribeirinhos do território do Alto Sertão. As aulas são em período integral e o curso profissionalizante tem duração de três anos, provendo ainda a graduação no Ensino Médio, ao final.

Edson Ferreira é Engenheiro Agrônomo e professor de Olericultura e Agricultura Geral na Instituição e acompanhou os seus alunos nos dois dias de visita. “É importante a vinda deles aqui para vivenciarem a prática fora da sala de aula. Escolhemos o Perímetro primeiramente pela estrutura que é disposta pela Cohidro aos agricultores irrigantes, depois pela proximidade”, justificou o docente da Escola que fica no município vizinho e distante 27 km do Califórnia.

Última atualização: 24 de novembro de 2019 12:42.