[vídeo] Sergipe Rural: Cultivo de amendoim para atender verão pós-pandemia anima irrigantes de Lagarto

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Neste sábado (31), o programa Sergipe Rural, da Aperipê TV , trouxe reportagem que fez com um dos produtores de amendoim de Lagarto, atendidos pelo Governo de Sergipe no Perímetro Irrigado Piauí com irrigação assistência técnica rural fornecidas pela Cohidro. O agricultor está animado com o mercado para o produto neste verão, depois de haver queda na procura pela oleoginosa durante o inverno de isolamento social por conta da pandemia.

O inverno é quando ocorrem as festas juninas, em que o amendoim cozido é um dos principais petiscos das mesas de comidas típicas de qualquer arraial no estado. No verão, quando as praias recebem sergipanos e turistas de todas as partes para amenizar o calor típico da estação, está lá mais uma vez presente o produto que virou Patrimônio Imaterial de Sergipe em 2013. Vendido a granel, é preparado com o ponto de maturação e cozimento, quantidade de sal e uso das técnicas de clareamento que só quem é daqui sabe fazer.

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Irrigantes da Cohidro colhem amendoim duas vezes por ano

plantado a qualquer época, graças a irrigação, leva 3 meses até ser colhido na época em que o agricultor encontrar maior demanda – Foto Fernando Augusto (Ascom/Cohidro)

Ingrediente fundamental para o preparo de algumas das iguarias típicas das festas juninas em todo Brasil, o amendoim é o produto agrícola cultivado por pelo menos 20% dos irrigantes do Perímetro Irrigado da Ribeira, em Itabaiana. Na unidade da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), a constante oferta de água permite aos agricultores o plantio por mais de uma vez por ano, onde só em 2013 foram colhidas 240 toneladas da leguminosa.

Desde o plantio, o amendoim leva três meses até ser colhido. Na Ribeira, a maioria das plantações começa em abril, para colher em pleno São João. Mas muitos destes irrigantes voltam a plantar de setembro a março, atendendo a demanda do resto do ano, principalmente no verão. Cozido e salgado, é aperitivo pronto para o consumo em qualquer lugar, com excelente aceitação nas praias, onde atende ao gosto apurado dos turistas que visitam Sergipe. O produto é responsável pela geração de muitos postos de trabalho, seja na colheita, que é toda manual, ou na economia informal, através dos vendedores ambulantes.

Segundo o técnico agrícola Moisés da Costa Carvalho da Cohidro, o amendoim, nos períodos de plantio, chega a ocupar parte da área de 60 dos 466 lotes atendidos pela irrigação da Companhia no Perímetro da Ribeira. “São áreas de meio hectare em média por lavoura, onde os agricultores plantam por conta própria ou em regime de parceria. Geralmente vendem a área plantada antes mesmo do momento de colher e o comprador arca com a contratação de mão de obra para colheita. Pela medida de uma ‘quarta’ – que equivale a dois sacos ou 120 quilos – conseguem o preço que hoje varia entre R$ 170 a R$ 250, dependendo da oferta no mercado”, explicou.

Diretor de Irrigação da Companhia, João Quintiliano da Fonseca Neto, avalia o plantio do amendoim como bastante vantajoso nos perímetros irrigados da Cohidro por ser uma cultura bem empregada na rotatividade de cultivos. “É uma cultura pouco exigente. Atua na fixação do nitrogênio ao solo e fornece grande quantidade de restos culturais, ajudando o agricultor a economizar em adubação. Por essas vantagens, em nossos perímetros ele acaba por substituir outros cultivos mais duradouros ou exigentes durante as entressafras, como a batata-doce e o coentro”, revelou.

O casal de agricultores Lindinalva da Silva e Odair José dos Santos produzem o amendoim e também o quiabo em área onde são “meieiros” na Ribeira, ou seja, pagam pelo uso da terra com parte dos lucros da venda. Deste trabalho familiar, rendeu a recente aquisição de um lote próprio, também no Perímetro Irrigado. “Plantamos duas tarefas de amendoim, com semente comprada por nós de outro produtor, no início de abril e agora vão ser colhidas no dia 10 de junho e já tem um comprador interessado”, revela a agricultora que vai destinar a área plantada à venda, onde o comprador arca com a colheita.

“Depois de colherem, nós jogamos as ramas dentro do rego entre uma leira e outra e cobrimos com terra para servir de adubo. Aqui vamos depois plantar o maxixe ou o coentro. O amendoim tem tempo que compensa bem, outros nem tanto”, pondera Odair José, porém reiterando a importância da cultura na entressafra servindo como adubação. A produtividade do amendoim não é das mais rentáveis levando em conta o que é colhido por área, chegando ao máximo do seu potencial a 4 toneladas por hectare.

Mais entusiasmado com o amendoim é o agricultor Helenilson Santos de Jesus. Ele planta mais de uma vez por ano e garante, da própria produção, as sementes para o próximo cultivo. “Vamos colher daqui cerca de um mês esta área de duas tarefas e sempre guardamos umas 4, das 75 carreiras, para usar de semente e plantar novamente no final de setembro. Sempre plantamos o mesmo tamanho de área, mas mudamos o local dentro do lote”, conta, considerando que ao aplicar o cultivo em áreas diferentes, faz com que o solo de toda propriedade seja beneficiado pela planta e sua função de adubação.

 

Beneficiamento

Para Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, a cultura do amendoim tem grande potencialidade de crescer no Estado, por ainda não dispor um beneficiamento em larga escala. “Hoje o produto atende basicamente ao mercado sergipano, vendido cozido ou torrado de forma artesanal em sacas, nos mercados municipais, para ser revendido quase sempre por ambulantes. Potencial que poderia ser largamente ampliado se houvessem indústrias que beneficiassem o produto. Área irrigada nós temos, nos perímetros onde o clima é propício ao amendoim, como em Itabaiana, Lagarto e Malhador”, comentou.

Família de irrigantes que tanto cultiva, como também beneficia o amendoim, é a do agricultor David Alves dos Santos. Com seu pai, Jailton Alves dos Santos, o conhecido “Batatinha”, eles geralmente compram a produção dos outros agricultores ainda na lavoura e bancam os custos de mão de obra para a colheita, que depois é cozido para venda na Ceasa e Mercado Municipal de Aracaju em sacas. A família negocia as safras dos irrigantes pela Cohidro, tanto na Ribeira, como nos perímetros Jacarecica I, também em Itabaiana e Piauí, em Lagarto.

“Os trabalhadores fazem a colheita do amendoim no campo, ai depois de ‘despinigar’ lá mesmo, medimos para tratar do pagamento. Então trazemos para cá, para lavar e em seguida fazer o cozimento. São 15 litros de água e 5 quilos de sal para cada saco de amendoim. Usamos também uma colher de pó de pedra-ume para clarear o amendoim depois de cozido, mas tem quem use limão para isso”, relata David Alves, sobre o processo de beneficiamento que é feito todo em uma manhã e que garante o alimento fresco para ser vendido, às vezes, no mesmo dia no mercado, pelo preço médio de R$ 175 o saco de 60 quilos.

Última atualização: 6 de maio de 2021 18:13.