Orientação técnica ajuda a elevar produtividade da abóbora irrigada no Alto Sertão

De janeiro a maio, foram produzidas 270 toneladas de abóbora no perímetro irrigado da Cohidro em Canindé

Produção de abóbora entregue para o PAA, no primeiro dia, foi de 287kgs [Foto: Fernando Augusto]
A produção de abóbora no Alto Sertão Sergipano é feita há quase dez anos em Canindé de São Francisco, a partir da irrigação fornecida pelo Governo do Estado no Perímetro Irrigado Califórnia. Além da água do Rio São Francisco, que a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe – Cohidro faz chegar aos lotes agrícolas, os agricultores familiares têm também assistência técnica agrícola fornecida pela empresa. Indicado por nutricionistas por ser alimento saudável e nutritivo, o fruto já faz parte da culinária sergipana. Não por acaso, alguns dos produtores de abóbora irrigada estão participando do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA e sua produção será entregue, via projeto na Conab, à doação simultânea para pessoas em insegurança alimentar naquele município.

Na proposta da Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco – ASSAI ao PAA, os irrigantes se propuseram a entregar até 1.000kgs de abóbora à ‘doação simultânea’, entregues para pessoas vulnerabilidade social cadastradas no Centro de Referência Especializado Assistência Social – CREAS, pelo período de nove meses. Na primeira entrega, que ocorreu na última quarta-feira (01), a abóbora lá esteve presente, com 287kgs que foram no mesmo dia para a mesa dos canindeenses. O preço pago pela Conab à abóbora fornecida aos projetos de doação simultânea no PAA em Sergipe é considerado excelente (R$ 3,43 o quilo), incentivando os produtores a cultivá-la ainda mais.

No período de janeiro a maio deste ano, os agricultores irrigantes no Califórnia colheram 270 toneladas de abóbora em 13 ha enquanto, no mesmo período, outros 17,7 ha foram semeados com o cultivo, indicando que, até o fim do ano, a colheita deva ser ainda maior. As abóboras cultivadas no perímetro variam de formatos e tamanhos, podendo uma só peça chegar a até 8kgs. A principal variedade é a abóbora jerimum ou de leite, também conhecida por abóbora ‘sergipana’ ou ‘maranhão’. O agricultor Samuel de Oliveira conta que está investindo pela primeira vez na cultura, apostando 2 ha do lote no cultivo da abóbora. “Primeira vez que investimos na abóbora, mas vários agricultores já plantavam antes. Esperamos uma boa colheita e um bom preço do mercado”, relata Samuel.

A depender da produtividade, se promissora, o rendimento pode ser superior a 25 toneladas por hectare, mas isso só ocorre graças à irrigação fornecida e orientada pela Cohidro. O técnico agrícola da empresa, Luís Roberto, explica como foram feitas as orientações para o bom cultivo no lote do agricultor. “O Samuel cumpriu exatamente a orientação técnica. Foram feitas análises de solo e, baseado nisso, ele pôde fazer a adubação de fundação e, depois, as três adubações de cobertura. Uma aos 25 dias, outra próxima da florada, e outra próxima da fortificação, cumprindo assim o ciclo técnico da cultura da abóbora”, explica.

O técnico alerta também sobre os riscos de desperdícios e mal uso de adubos por parte dos agricultores em suas áreas e aponta a necessidade do uso correto dos mesmos. “Por mais orientações que demos, alguns produtores insistem em recorrer a meios diferentes dos que recomendamos, baseados em experiências de outros produtores, que podem dar certo ou não, às vezes configurando erro no processo de adubação. Já verificamos casos de agricultor utilizar dois sacos de adubo, totalizando 100kg por tarefa (0,33 ha), quando na verdade, a recomendação que se use apenas 17kg por tarefa”, conta Luís Roberto.

Cohidro adere ao ‘Dia do Rio’ em seus polos irrigados

Foto: Fernando Augusto (Ascom/Cohidro)

Passando a valer a partir de ontem, 21, via a Resolução Nº 1.043 da Agência Nacional de Águas (ANA), o ‘Dia do Rio’ impõe a paralisação, todas às quartas-feiras e até 30 de novembro, em todas as captações feitas no Rio São Francisco, em barragens e principais afluentes, desde Minas Gerais até a foz, na divisa entre Alagoas e Sergipe.Salvo quando se trata de uso de água para consumo humano e dessedentação animal. O Governo do Estado de Sergipe, através de sua Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), atendendo a resolução já determinou esta suspensão no bombeamento do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco e no Platô de Neópolis.

A medida, tomada na 660ª Reunião Ordinária da Diretoria Colegiada da ANA, se vale da “grave situação de escassez hídrica ocorrente na bacia do rio São Francisco desde 2013, caracterizada pelas baixas precipitações (pluviométricas) com prejuízo para a reposição do estoque de água dos reservatórios”, e em seu artigo primeiro, estabelece que, “tendo em vista a situação de escassez hídrica na bacia, o Dia do Rio como medida de restrição de uso para captações em corpos d’água superficiais perenes de domínio da União na bacia hidrográfica do rio São Francisco que ainda não estejam submetidas a outras regras de restrição de uso mais restritivas”. A regra, que vai até o dia 30 de novembro, poderá ser prorrogada, “caso se observe atraso no início do período de chuvas na bacia do rio São Francisco”, acrescenta o documento publicado no Diário Oficial da União em 20 de junho.

No Perímetro Califórnia, há 213Km de Aracaju, segundo o diretor-presidente da Cohidro, José Carlos Felizola, a determinação já está sendo adotada e não vai afetar a os beneficiados pela Empresa e nem das suas conveniadas, que utilizam do sistema de irrigação. “Em Canindé, diferente do dispositivo proibitivo a nós e que lá vale também para o Perímetro Jacaré-Curituba da Codevasf, a Deso pode utilizar-se de sua captação própria, sem prejudicar o abastecimento da cidade. Muito mais do que uma regra, punível com multas, será uma forma de nós, que utilizamos do ‘Velho Chico’ para desenvolver a Agricultura, contribuirmos com a reversão da situação de escassez de água em seu leito ou represas”, avalia.

Para o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro (Dirir), João Quintiliano da Fonseca Neto, o impacto que possa ocorrer na irrigação dos dois polos irrigados da Empresa, passará a ser sentido só depois do fim do período de chuvas. “Por agora e desde abril, quando se iniciou um dos melhores períodos de chuva registrados em Sergipe, nossos perímetros têm permanecido praticamente todo tempo inoperantes quanto ao serviço de bombeamento de água até os lotes irrigados. A boa precipitação registrada elimina quase por completo a necessidade de irrigação em todo Estado”, observa.

Porém, ainda segundo João Fonseca, a estiagem vai chegar e com ela, a necessidade de religar as bombas. Para isso, o diretor considera que o manejo hídrico das lavouras, orientado pelos técnicos agrícolas da empresa e de parceiros, vai saber superar a suspensão de água das quartas-feiras. “Depois de agosto, provavelmente, quanto chegar ao fim o período de chuvas, é que esta paralisação da Resolução da ANA vá de fato interromper o fornecimento de água para a agricultura. Porém, nesses perímetros que utilizam do São Francisco dificilmente haverá prejuízos na produtividade, pois predominam as culturas de ciclo longo, como a fruticultura, que suportam mais de um dia sem irrigação. Já para as olerícolas, como a alface e o coentro, um dia sem água ainda é suportável. De toda forma, estaremos atentos para identificar qualquer necessidade orientar mudanças na forma de irrigar essas plantações, no decorrer dos outros seis dias da semana”, completou.

Platô de Neópolis
Distante 107km da capital, área e sistema de distribuição de água do Platô de Neópolis pertencem ao Governo do Estado através da Cohidro. Estrutura administrada pela Associação dos Concessionários do Distrito de Irrigação de Neópolis (Ascondir), que possuem a concessão pública para cultivar a terra e operar o sistema. Lá, predominam a fruticultura e a plantação de cana de açúcar, cultivos de ciclos longos e até resistentes a períodos maiores de que um dia por semana.

Antônio Paulo Feitosa, Engenheiro Agrônomo da Dirir, é responsável por gerenciar e fiscalizar a operação do polo irrigado e ontem esteve com os concessionários para oficializar a decisão que foi tomada no dia 19, pela ANA. “Fomos até lá só para dar certeza de que a Resolução estava em vigor, pois todos concessionários já estavam cientes da paralisação semanal. A paralisação da quarta nem precisou ocorrer ontem, pois como está chovendo bem, também na região de Neópolis, não houve necessidade de irrigação nesta semana”, informou.

 

Comercialização agrícola foi tema de palestra da Cohidro no STTR de Canindé

Palestra explorou os aspéctos econômicos do Califórnia – foto acervo Edmilson Cordeiro

Na manhã da última sexta-feira, 19, a gerência do Perímetro Irrigado Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) esteve no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Canindé de São Francisco (STTR), município do alto sertão sergipano onde está instalado o perímetro. Aos filiados da Entidade, os representantes da Empresa fizeram uma apresentação sobre a produção e comercialização dentro do polo agrícola, que só em 2015 movimentou mais de R$ 43 milhões na geração de 40 mil toneladas de alimentos.

O assunto palestrado por Edmilson Cordeiro, gerente do Califórnia, norteou os aspectos socioeconômicos e geográficos da área de atuação da Empresa. “O Sindicato nos convidou para fazer uma apresentação, sobre a produção e comercialização do Perímetro Irrigado. Achei muito importante passar as informações sobre o assunto. Falei desde o histórico, da localização, do sistema de bombeamento, da estrutura física, das culturas, da assistência técnica creditícia, do projeto que estamos concluindo sobre o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e até da importância econômica para o município e o Estado”, explicou.

Sobre o PAA, o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, esclarece que a proposta está em fase de análise junto à Conab. “São 24 irrigantes do Perímetro Califórnia que se propõe a fornecer 77 toneladas de alimentos, sob a remuneração de R$ 8 mil para cada produtor. Esse alimento será diretamente encaminhado para entidades socioassistenciais”, completa. Segundo ele, somando todos os projetos entre os ativos e os que aguardam homologação, os agricultores dos perímetros irrigados assistidos pelo Governo do Estado poderão gerar alimentos, durante um ano e doar para mais de 24 mil pessoas em situação de insegurança alimentar em 2016.

Presidente do STTR, Genivaldo Lopes disse ter procurado o responsável do perímetro da Cohidro para falar sobre a produção e comercialização no Califórnia,“de forma que mostrasse para os integrantes do Sindicato a importância da produção e como comercializar de uma boa forma”, respondeu. Ele conta ainda a forma que a Entidade atua no Perímetro, já que alguns dos seus colegas associados são assistidos pela irrigação da Companhia. “A nossa parte entra mais a credenciaria, na informação e organização dos trabalhadores”, ressalta.

Quesito fundamental para a produção agrícola sustentável, os cuidados com o meio ambiente e a conservação dos recursos hídricos foram abordados no encontro do STTR.Quem também participou foi o Técnico em Agropecuária Tito Reis.“Eu fiz uma explanação sobre a importância do uso racional da água, sua importância e o compromisso de nós como agentes públicos de preservar, priorizar, capacitar e passar os conhecimentos para a sociedade”, disse.O servidor da Cohidro é quem acompanha a produção orgânica no Perímetro Califórnia, principalmente orientando os agricultores e fazendo capacitações em cultivo agroecológico, em uma área cedida pela Empresa à Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5).

O Califórnia

A partir da captação de água direto no Rio São Francisco, o Perímetro Irrigado Califórnia dispõe de estrutura hídrica para fornecer água para 333 lotes agrícolas, entre os totalmente irrigados e os de forma parcial atendendo uma população de 1.360 beneficiados direto. São 78 km entre canais de adutoras e sete estações de bombeamento, que formam o sistema de irrigação que funciona à uma vazão de 5.600 metros cúbicos por hora. Segundo o presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho, o polo agrícola passa por uma fase de investimentos e recuperação de sua infraestrutura.

“Por meio do Proinveste, adquirimos 37 bombas para o Califórnia, equipamentos novos que irão substituir os antigos com quase 30 anos de uso. No Canal N1 houve recuperação dos 1.579 metros, onde eram os mais pontos críticos e isso foi possível via convênio que fizemos com a Semarh (Secretária de Estado de Meio Ambiente) que disponibilizou R$ 199 mil em recursos do Funerh (Fundo Estadual de Recursos Hídricos) para a obra. Outras reformas irão ocorrer no restante dos trechos de canais e ainda promoverão a reforma da estrutura civil do perímetro, também por meio do Proinveste”, completou Felizola.

Cohidro e Codevasf ajustam continuidade de parcerias em Canindé

Foto Ascom-Cohidro

Em uma primeira visita, após assumir como superintendência Estadual da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) em Sergipe, César Mandarino esteve na manhã desta terça-feira, 9, na sede da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). Junto do presidente da Estatal Sergipana, José Carlos Felizola Filho e diretores executivos, definiram acordos para operacionalização da Estação de Bombeamento (EB) 100 em Canindé de São Francisco, de uso compartilhado entre as duas as Empresas.

Após ser captada no Rio São Francisco, a água para irrigação dos perímetros irrigados Califórnia, administrado pela Cohidro e Jacar-Curituba, administrado pela Codevasf, passam pela EB-100, onde as bombas de cada Companhia fazem chegar irrigação em seus devidos polos agrícolas, através de EBs secundárias e terciárias.

“O trabalho de operação e manutenção dos equipamentos, além dos custos extras destes serviços e o custeio do consumo com eletricidade desta estação principal, compartilhada, vinha sendo todo arcado pela Empresa Estatal Sergipana. Diante do atual aspecto financeiro, de contenção de gastos, em que o Governo do Estado se encontra, criou-se a necessidade de ser revista esta incumbência, já que se trata de um projeto de irrigação administrado pelo Governo Federal, através da Codevasf, que fornecem água para área de reforma agrária conduzida pela Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra).

Na reunião, os gestores concluiram que irão buscar, em Brasília, definir se ficará sob responsabilidade da Codevasf ou do Incra a função de custear a parte que cabe ao Jacaré-Curituba no consumo com eletricidade da EB-100. Assim como, também do Distrito Federal, ambas as Companhias irão fazer um esforço conjunto para conquistar custeio para a recuperação destes equipamentos desta instalação, que na parte que cabe ao Califórnia, são 29 anos de uso sem sofrer uma intervenção para substituição de equipamentos.

“Diante dos inúmeros esforços, que toda máquina administrativa do Governo do Estado vem fazendo para cortar gastos, não é mais possível da Cohidro custear totalmente as tarifas elétricas da EB-100, custo que deveria ser dividido. Por mais que seja reconhecido por nós, o fim social do Jacaré-Curituba, a Empresa tem pesada carga com o compromisso do consumo elétrico de todas sete EBs do Califórnia de dos outros três dos nossos perímetros, com mais cinco EBs”, ponderou o presidente Felizola que na reunião estava acompanhado dos seus diretores Administrativo e Financeiro, Jorge Kleber Soares Lima e de Irrigação e Desenvolvimento Agrário, João Quintiliano da Fonseca Neto.

Última atualização: 16 de outubro de 2017 11:02.