Cresce demanda por pimenta habanero e anima agricultores irrigantes de Lagarto

Pipericultores são assistidos pela Cohidro e têm contratos de venda com indústria local

[foto: Fernando Augusto]
A pimenta habanero é originária do México e tem, em média, o dobro da ardência da brasileiríssima malagueta comum. Seus frutos são maiores, ovalados mas assimétricos, pelas rugosidades no seu formato. Estão prontos para colher por volta de 110 dias após o plantio das mudas, quando ficam nas cores vermelha, laranja ou marrom. Estas duas espécies, além da Jalapeno e da pimenta biquinho, são produzidas no Perímetro Irrigado Piauí, mantido pelo Governo do Estado em Lagarto. Um aumento na procura pela habanero, da parte da indústria de molhos de pimenta, tem animado os agricultores assistidos com água de irrigação e assistência técnica em seus lotes no perímetro. A produção da habanero em 2021 foi considerada boa, quase 82 toneladas (ton.) e neste ano tende a aumentar com o incentivo dado a estes produtores pelo mercado.

No perímetro Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), a malagueta continuou sendo a mais produzida (120 ton.) no último ano, seguida da jalapeno (95 ton.) e da biquinho (75 ton.), a de menor produção e ardência, que é beneficiada e tem seus frutos vendidos inteiros em conserva. Os preços por quilo ofertados pela indústria, não são proporcionais ao grau de ardência, no caso da habanero (R$ 3) e da malagueta (R$ 4), e da sua outra variedade menor e de ardência mais acentuada, a malaguetinha (R$ 8). Quanto menor a pimenta, maior é o grau de dificuldade de colheita e custo de mão de obra. Por conta do manejo mais facilitado, qualquer melhora na demanda e no preço da habanero ou jalapeno, que o fruto ainda é maior, ou da biquinho, é motivo para passar a investir mais nestas espécies.

Segundo os dados levantados pelos técnicos da Cohidro em Lagarto, a habanero ocupou uma área colhida de 14,5 hectares e rendeu, aos produtores, o valor total da produção de R$ 356.720 em 2021. Para o gerente do perímetro Piauí, Gildo Almeida, a oportunidade é boa para quem quer investir na espécie de pimenta. “É desde o início que a gente, da Cohidro, começa a auxiliar através do perímetro e está dando certo. Eles têm um contrato com a indústria local, para quem eles já fornecem o produto. O preço está dando para manter o lucro e eles estão produzindo cada vez mais e aumentando a área plantada de pimenta habanero”, avaliou. No mesmo levantamento da Cohidro do valor da produção, no ano passado, já era anunciada a vantagem da habanero que, mesmo tendo produzindo menos, deu mais retorno aos agricultores do que a também mexicana jalapeno (R$ 269.450).

No lote irrigado de Luan de Oliveira já são um hectare ocupado com 9 mil pés de pimenta habanero, com a intenção de aumentar, caso o mercado para a pimenta continue atrativo. “Já plantamos diretamente para a empresa do município. A gente está na fase de colheita agora, quando oferecemos trabalho para o pessoal que faz a colheita, catando as pimentas. Acaba sendo algo muito benéfico ao nosso município, esta indústria que faz o contrato com a gente. Gerando renda para nós, que trabalhamos na roça e também para o pessoal que trabalha colhendo”, avaliou o agricultor irrigante de Lagarto.

Luan e demais produtores de pimenta investem em técnicas modernas de irrigação para alcançar maior produção, racionalizando o uso das reservas de água do perímetro de irrigação pública e também trazendo maior eficiência nos tratos culturais. É o caso da fertirrigação, em que o adubo chega até a planta diluído na água e através dos equipamentos de irrigação. “Molhamos aqui através da irrigação de gotejamento, que já molha diretamente no solo e acaba economizando água. A irrigação vem da Cohidro, pelo Perímetro Irrigado Piauí, que é a que a gente tem aqui”, confirmou o irrigante.

 

[vídeo] Sergipe Rural mostra retorno do cultivo da malagueta em perímetro da Cohidro

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A irrigação pública e a assistência técnica rural fornecidas pelo Governo de Sergipe, através da Cohidro, a todos os 421 lotes do Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, dá o suporte necessário para os pipericultores plantarem durante o ano todo.

O programa Sergipe Rural do último sábado (07), da Aperipê TV foi até o perímetro mostrar que a pimenta malagueta voltou a ter destaque nestes plantios, com o aumento da demanda das indústrias locais e da vizinha Bahia, o preço do quilo subiu para R$ 10 e os produtores retomaram o plantio.

Enquanto a malagueta experimentou uma queda na produção, a pimenta biquinho ganhou espaço com essa lacuna deixada pela malagueta. A ardência bem moderada e o fruto de tamanho maior são fatores que facilitam na hora de colher a biquinho, criando um diferencial que favoreceu para que os produtores irrigantes optarem pelo seu cultivo.

 

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Irrigantes do Perímetro Piauí voltam a cultivar pimenta malagueta

Cohidro identifica que aumento de procura fez o quilo subir para R$ 10, voltando a interessar aos agricultores

Irrigação da Cohidro permite o cultivo de pimentas o ano inteiro [Foto: Fernando Augusto]
A pimenta malagueta voltou a interessar os agricultores do Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, depois de perder espaço para outros cultivos em anos anteriores. Em 2020, com o aumento da demanda das indústrias locais e da vizinha Bahia, o preço do quilo subiu para R$ 10 e os produtores retomaram o plantio. A pimenta é o ingrediente principal para fabricação de molhos picantes. O alto grau de ardência da malagueta dificulta a colheita e aumenta os custos de produção, exigindo ao produtor vender aos melhores preços. Enquanto isso, a ardência da pimenta biquinho é bem moderada e, por ser de tamanho maior, é mais fácil de colher. O quilo da biquinho é vendido à indústria por R$ 6,00, para a fabricação de conservas, e sua produção não passou por variações significativas no perímetro irrigado mantido pelo Governo do Estado.

A irrigação pública e a assistência técnica rural são fornecidas a todos os 421 lotes do perímetro Piauí pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), que dá o suporte necessário para os pipericultores plantarem durante o ano todo. No caso da pimenta malagueta, a colheita começa após 90 dias do plantio e o produtor faz colheitas semanais durante outros 90 dias. Depois dessa produção, o pé da pimenta fica mais 90 dias sem dar o fruto. Mas passado esse período, ele volta carregado e o processo é reiniciado. Ao completar seis meses de vida, os pés são arrancados para que seja iniciado um novo plantio na área. Só desta espécie, o polo irrigado já chegou a registrar uma produção anual de 508 toneladas, em 2017.

Irrigante no Perímetro Piauí há 25 anos, Luíz Barbosa trabalha com pimentas há 10. Para ele, a melhoria do preço do quilo fez compensar voltar plantar a malagueta. “Passei um tempo sem plantar porque a empresa que eu vendia baixou o preço demais, aí não tinha como repassar. Agora que voltou a um preço melhor, resolvemos plantar”, disse o agricultor. Ele utiliza uma área de 1 ha, produz em média 300kg de malagueta por semana, e vende o quilo da pimenta madura a R$ 10,00 e a pimenta ainda verde a R$ 8,00, repassando para compradores de Salvador (BA). Já a biquinho tem preço mais modesto. “Mesmo com o quilo a R$ 6,00, as pimentas biquinho são bem comercializadas, por isso vale a pena continuar plantando. Ela é peneirada e separada; as maiores são vendidas para as indústrias e as menores vão para as feiras da região”, conta o produtor.

Segundo o gerente do perímetro irrigado Piauí, Gildo Almeida, a baixa demanda foi o principal fator para que os produtores deixassem de plantar a malagueta e buscassem outros cultivos, incluindo a pimenta biquinho. “Agora, o pessoal está animado com o preço da pimenta malagueta; a indústria local está voltando a comprar. O produtor confia que agora vai dar lucro, que compensa e estão retornando com a produção da malagueta, que esteve em situação de quase acabar. E também tem uns compradores que vêm da Bahia. Ainda assim, muitos produtores estão optando pela pimenta biquinho, porque é mais fácil de trabalhar; não tem ardência e seu tamanho é maior, o que facilita a colheita”, analisa o gerente. Assim como ocorre com a malagueta, a indústria local compra a maior parte da produção da pimenta biquinho.

Rogério de Souza tem mais de 25 anos como irrigante no perímetro Piauí, e começou a plantar a pimenta biquinho há 8. Ele conta que deu uma pausa de dois anos na plantação do cultivo, mas logo retornou porque, na época, a malagueta não estava dando o retorno esperado e a colheita da biquinho apresentava mais facilidade. “Eu hoje continuo com a malagueta, só reduzi a área. Com a biquinho tenho mais vantagem”, completa o pipericultor, que ocupa dois 2 ha com os cultivos.

Irrigantes no perímetro de Lagarto querem beneficiar e exportar pimenta

Pimenta do perímetro irrigado atraiu compradores estrangeiros – foto: Fernando Augusto (Ascom/Cohidro)

Descontentes com a diminuição do preço pago pela indústria local e estimulados pelo interesse de importadores europeus em comercializar seu produto lá fora, produtores de pimenta que são agricultores irrigantes no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, estão se mobilizando para montar estrutura fabril necessária para, eles próprios, beneficiarem o produto e alcançarem mais valorização comercial. A Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) já fornecia irrigação e assistência técnica agrícola, afim deles obterem melhor rendimento nesses cultivos. Agora, a sua gerencia no polo irrigado presta auxílio ao grupo e busca parceiros para essa nova empreitada.

Em Lagarto, 75km de Aracaju, a produção das variedades de pimenta malagueta, jalapeño e habanero surgiu há cerca de 10 anos e sempre foi impulsionada pela atividade industrial local. Atraídos pelo preço compensativo, produtores irrigantes do perímetro irrigado investiram na implantação de plantações de pimenta. Mas como o tempo e sob influência da crise econômica, o preço de venda decaiu e passou a ser cada vez menos vantajoso investir nesta produção. O produtor irrigante Marcos Melo Menezes que o diga, um dos poucos que manteve a produção de pimenta malagueta na mesma proporção em que iniciou.

“Hoje a venda da pimenta baixou muito. De R$ 10, a malagueta passou para R$ 6, a jalapeño R$ 1,50 e a habanero R$ 2,50. Como produtor, eu fico triste com um negócio desse, e a gente não esperava também”, explicou Marcos Melo. Há cerca de um mês, ele recebeu a visita de representantes de uma companhia holandesa que faz a exportação de produtos agrícolas, do Brasil para outras partes do mundo. “Eles vieram e foram lá em minha roça, olharam, tiraram (pimenta) para fazer análise. Olharam a do meu irmão lá, foram na propriedade do meu pai também. E chegaram aqui na associação, que tinha uma fábrica de poupa, desativada. Mas eles olharam o galpão e gasta pouco para fazer. E mandou reunir o pessoal que tem interesse de fazer a compra”, relatou o produtor de pimenta.

O técnico em Agropecuária da Cohidro alocado em Lagarto, Marcos Emílio Almeida, acompanhou os visitantes holandeses e está mantendo contato, os informando quanto ao andamento das reuniões que e vem organizando com os produtores e das visitas que tem feito em outras instituições, para buscar auxílio. “Entramos em contato com o Sebrae e foi sinalizada a possibilidade deles fornecerem uma consultoria especializada aos agricultores, sobre mercado de exportação. Da mesma forma que o BNB (Banco do Nordeste), informou existir linhas de crédito destinadas a fomentar esse tipo de empreendimento agroindustrial, a partir de uma associação ou cooperativa agrícola”, destacou.

Gildo Almeida Lima, gerente do Perímetro Piauí, vem mobilizando produtores e técnicos do Cohidro para o amplo debate, de como pode ser promovido esse avanço produtivo dos irrigantes pimenteiros. “Hoje (5 de dezembro), foi realizada mais uma reunião, com mais produtores que na primeira, crescendo o número de interessados. Infelizmente o dia de paralisação nacional não permitiu a vinda dos representantes do BNB e Banco do Brasil, mas a conversação tem caminhado para um entendimento de ser possível investir na indústria de beneficiamento”, expôs. Segundo ele, os produtores têm interesse de atender a demanda criada pelos importadores estrangeiros da pasta de pimenta, mas também pensam em beneficiar o produto para outros compradores aqui mesmo no Brasil e ainda fabricar a polpa, um processamento pronto para o consumidor final.

Para o presidente da Associação dos Produtores do Perímetro Irrigado Piauí (APPIP), Antônio Cirilo Amorim, “é uma ideia maravilhosa sim, que pode ajudar muito o agricultor, porque ele ultimamente vem sofrendo com a venda de pimenta. O custo de manutenção da pimenta vai para R$ 4, ele entrega de R$ 6 e fica com R$ 2. Não existe condição do agricultor estar no campo dessa forma. Então, estamos organizando a tentar montar uma fábrica para gente mesmo vender nosso produto, porque aí é uma forma de agregar associação, cooperativa, agricultores para ter um fim lucrativo, para que ele possa sustentar sua família, porque do jeito que está é muito difícil”, avalia.

Já o diretor-presidente da Cohidro, José Carlos Felizola, considera frutífera a organização dos produtores buscando melhorar a renda obtida via a agricultura no perímetro irrigado. “Eles já têm a vantagem de contar com a irrigação pública fornecida pelo Governo do Estado, através da nossa empresa e têm também a valiosa assistência técnica rural dada pelos nossos técnicos. Eles têm que se valer disso, para não aceitar qualquer negócio na hora de vender o produto. Usar esse ‘folego’ que a Cohidro dá e buscar novos arranjos produtivos, se isso for necessário. Mas vai depender não só da nossa ajuda e do interesse dos compradores. Têm que se unir pelo interesse comum de obter os meios necessários para valorizar esse produto final”, salienta.

Alternativas de produção
A assistência técnica da Cohidro, dada ao produtor de pimenta no Piauí, vai além da orientação de como produzir e combater pragas. Passa também pelo aspecto econômico e a necessidade de inovar para alcançar a economia. Outro técnico em agropecuária do perímetro é Willian Domingos, que explica bem como isso vem ocorrendo em Lagarto. “Das alternativas de produção que nós estamos tentando baratear o custo da produção da pimenta, a principal é a fertirrigação, que é a adubação via água, que se torna mais barato. E introduzindo o gotejamento, que é uma mangueira no pé da planta irrigando, gotejando. Nisso, ele reduz o custo de mão de obra do produtor e com isso vai baratear muito os custos de produção. Invés de ele ter quatro ou cinco trabalhadores aqui, ele vai ter ele próprio, manejando tudo”, afirma.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, explica que além da tecnologia que pode melhorar o ganho do produtor de pimenta e até a intermediação de novos acordos de comercialização do produto, dentro e fora de Sergipe, a empresa tem influenciado a troca, a alternância e até o plantio consorciado com outros cultivos. “Em busca de um preço melhor e de um custo mais reduzido de produção, nós temos incentivado os produtores a investirem em variedades que possam ter um custo-benefício mais vantajoso que a pimenta, como a batata-doce. Da mesma forma que incentivamos que coloquem outras plantas entre os canteiros de pimenta, aproveitando a mesma irrigação. Um exemplo bem-sucedido disso foi o maracujá”, conclui.

Viabilização de produção da Malagueta no Perímetro Piauí gera reportagem de TV

O programa Sergipe Rural, da Aperipê TV, mostrou no dia 20 de fevereiro a produção de Pimenta Malagueta no Perímetro Irrigado Piauí da Cohidro, no município de Lagarto. A pimenta apareceu como o destaque de produtivo do Pólo de Irrigação, mas que devido a baixa do preço de compra, o produtor dela está tendo mais dificuldade de cultivar com rentabilidade.

Na reportagem de Patrícia Dantas, a variedade de pimenta apareceu como o destaque de produtivo do Pólo de Irrigação, mas que devido a baixa do preço de compra, o produtor dela está tendo mais dificuldade de cultivar com rentabilidade.

Fato este que a Cohidro tem enfrentado junto ao agricultor, mostrando a ele alternativas como a fertirrigação, o cultivo consorciado com outras culturas e até indo buscar, em outros estados, compradores para a produção, de modo a melhorar a condição de venda da Malagueta.

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Última atualização: 6 de maio de 2021 18:55.