Aplicação de calda sulfocálcica inova tratamento de pomares em perímetro irrigado estadual

A assistência técnica da Cohidro insere composto alternativo de baixo custo como tratamento fitossanitário em goiabeiras e coqueiros.

[foto: Paulo Ricardo]
Fruticultores do Perímetro irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, no Alto Sertão Sergipano, passaram a contar com uma alternativa fitossanitária para combater problemas recorrentes das plantas que, ao mesmo tempo possui aceitação agroecológica (não é nocivo como os agrotóxicos) e é de baixo custo, se comparado com as alternativas comerciais. A calda sulfocálcica – uma mistura de enxofre e cal virgem, tem origem nas pesquisas da Embrapa Agropecuária Centro Oeste e serve para o controle de fungos, ácaros, cochonilhas e outros insetos sugadores em hortaliças e plantas frutíferas. No perímetro Califórnia, os técnicos agrícolas da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), tiveram bons resultados com o coco e a goiaba, mas a intenção é aumentar o leque de cultivos tratados com este produto.

“A Embrapa recomenda 2 kg de enxofre para 1kg de cal, mas aqui no perímetro utilizamos a proporção de um para um, pelo fato de aqui ser mais quente do que o bioma do Cerrado onde foram realizados experimentos da Embrapa. Pulverizamos pela tarde ou logo cedo, pela manhã. E está dando resultado, que é o que importa. Serve para todas as fruteiras. Eu recuperei aqui uns 15 coqueiros que praticamente não produziam, o ácaro tomava conta e hoje tem cada cacho de coco bonito arretado. Tem que disseminar a aplicação desse produto para todos os produtores, porque é barato e não agride o meio ambiente”, explicou Luiz Roberto Vieira, técnico agrícola da Cohidro, companhia  vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri).

No lote de Joel de Oliveira, produtor irrigante no Setor 6 do perímetro Califórnia, as goiabeiras estavam improdutivas, quase mortas. Foi então que ele pediu ajuda para o técnico Luiz Roberto. “Passamos o composto de enxofre com cal e resolvemos o problema. Muitas doenças desapareceram, a exemplo da doença da madeira, quando quebrava a madeira e estava enxuta. Agora as goiabeiras estão todas verdinhas também. Eu dou conselho para que os vizinhos também passem que o resultado é muito bom”, orienta o agricultor.

O agricultor irrigante, com a orientação do técnico Luiz Roberto, já ficou prático no preparo da calda sulfocálcica. Acrescentando água, na proporção de 20 litros por quilo de enxofre e de cal, ele leva ao fogo os ingredientes por 1h20min, em média, ou até diluir totalmente o enxofre. Após o fim do preparo, ele aguarda até esfriar para aplicar nas goiabeiras. Nesta frutícola, a receita pulveriza uma área em torno de 0,12 hectares e tem o custo médio de R$ 12 na aquisição dos ingredientes.

“Isso aí mata doença, que eu sei que mata e melhora a qualidade do produto também. A goiaba cresce, desenvolve e pode comer tranquilo, que não é veneno. Antes eu tratava com veneno, mas não era bom. Quando passava o veneno tinha que esperar 15 dias para a catação das goiabas. E hoje, graças a Deus, eu só passo três vezes e pronto. O custo é menor do que o agrotóxico. Se todo mundo fizesse como a gente faz aqui, estava todo mundo bem, sem precisar gastar com veneno”, reafirmou Joel.

Sergipe Rural sobre coco do Platô de Neópolis para exportação

A produção de coco, nos padrões de qualidade que exigem o mercado europeu, dependem, primeiramente, da irrigação. Foi o que mostrou ontem o programa Sergipe Rural, da Aperipê.

No Platô de Neópolis, onde os frutos estão sendo agora exportados para toda Europa, é a infraestrutura do Governo de Sergipe (sob responsabilidade da Cohidro e gestão da iniciativa privada) que permite com que 7.061 hectares seja irrigados.

A Cohidro, através da Gerência de Contratos de Concessão, realiza visitas técnicas para fiscalizar o cumprimento dos contratos junto às empresas, verificar o desenvolvimento dos lotes, inspecionar a infraestrutura física do distrito de irrigação, e ainda averiguar o nível de preservação das Áreas de Proteção Permanente (APP) em cada lote.

Este está sendo o segundo produto do distrito agrícola a conquistar o mercado externo. Antes do coco, o limão taiti produzido no Platô já vem sendo exportado.

Última atualização: 15 de fevereiro de 2022 17:48.